sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Jesus e a Lei

          Em certa ocasião, Jesus foi questionado qual era o maior mandamento a ser cumprido (Mt 22; 34 a 40). Embora Jesus fosse um judeu bem instruído e conhecedor de toda a tradição Judaico - como bem mostra o episodio tão conhecido, narrado por Lucas (Lc 2;41 a 52), de que aos 12 anos ele desencontrou-se dos pais em Jerusalém e só foi encontrado 3 dias depois no templo debatendo com os sábios e espantados teólogos da época - ele não citou alguma regra religiosa ou a necessidade de sacrificar alguma coisa para Deus, ou dar algum dinheiro para Igreja, ou mesmo freqüentar alguma igreja.

          Jesus, o bom mestre, é taxativo, o maior mandamento é amar a Deus de todo o coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento e o segundo mandamento, tão importante quanto o primeiro é amar ao próximo com a ti mesmo. O nosso Senhor Jesus esclarece que essa postura de vida é agir segundo a vontade de Deus. A Lei de Deus e tudo o que os profetas falaram ao povo se ressume e amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo com a si mesmo.

          Alguns termos precisam ser esclarecido para entendermos exatamente o que Jesus está dizendo: Amar, usado duas vezes, um em cada mandamento. O termo, traduzido por amor, significa devoção, sacrifício, altruísmo. Todo, repedido 3 vezes, refere-se a abrangência desse amor, completo ou cheio. Coração, esse talvez seja o verbete mais confundido, é obvio que não se trata do órgão cardíaco responsável pelo bombeamento sanguíneo. Coração nesse texto refere-se a parte racional do ser humano e não ao centro das paixões e emoções. Alma, a parte imaterial do ser humano, as atividades e situações ligadas a quem nos somos, a psique. Entendimento, a capacidade dos nossos conhecimento, as nossas faculdades, e sabedorias, o que sabemos. Próximo, os seres humano, qualquer pessoa...

          De posse desses seis termos, podemos concluir que Jesus afirma nesse texto, ou duplo mandamento: devemos nos devotar ao nosso Deus de uma maneira completa e intensa em todos os aspectos do nosso ser, os nossos bens, as nossas capacidades, as nossa vontades e desejos, os nossos sonhos e planejamentos. Tudo deve estar completamente a disposição de servir a Deus (devotados) e conseqüentemente devemos nos devotar ao próximo com a mesma intensidade e disposição que a nós mesmo, nem alem nem aquém. Ou seja, tão grave quanto ter alguma coisa na vida mais importante que Deus (idolatria) é não amar o próximo com você si ama.

          Eu nunca conheci alguém que não amava a si mesmo. Pode até ser que você conheça, eu não... Uma pessoa que realmente não ama a si mesmo, eu nunca conheci. Talvez até se ame de uma forma estranha ou descuidada, mas creio que todos amam a si mesmo. Até os suicidas se amam, é muito provável que por conta desse amor desequilibrado é que dão cabo da vida, pois realmente não podem suportar o que o mundo faz com a pessoa que eles mais amam... O Eu.

          Usando essa verdade como base, e lembrando de uma outra passagem, também no evangelho de Mateus, no cap. 7 ver 12, lemos: “Tudo quanto, pois quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a lei e os profetas.”

          De forma bem prática Jesus está te perguntando, hoje: você tem amado as outras pessoas como você gostaria de ser amado? Tem respeitado seu chefe, como você gostaria de ser respeitado por ele? Você ouve seus filhos com interesse, como você gostaria que eles o ouvisse interessados? Você ama seu marido ou esposa como quer ser amado por ele ou ela? Você trabalha para o crescimento da Igreja como você gostaria de que a Igreja trabalhasse para o seu crescimento? Você liga ou visita outros irmãos...E no ministério? Na escola? Com seus irmãos, vizinhos, amigos? Você tem feito os que você quer que faça com você?

5 comentários:

  1. Esli,

    Este seu texto reflete bem uma indagação que tenho feito a mim: amo realmente o meu próximo? E aí é que está a dúvida. Esse amor que Jesus pregou é tamanho, a ponto de termos de amar os nossos inimigos. Sim, os nossos inimigos!

    Nós conseguimos amar aqueles que não nos querem bem? Amamos os que armam ciladas contra nós e que estão à espreita para nos prejudicar, caluniar, difamar? Porque amar quem nos ama é deveras fácil...

    Eu amo a Deus, tenho certeza disso. Também estou certo que Deus me resgatou, transformou e me deu a fé que tenho. Eu, como tantos outros, estou em lento e gradativo processo de santificação, com altos e baixos; caindo e levantando. Penso que é por isso que ainda não conseguimos amar com a intensidade que o mestre ordenou para que amássemos uns aos outros. Estamos sendo reconstruídos, "tijolo a tijolo", mas ainda não fomos terminados.

    Porém, hei de confessar, que esse amor tão pregado por Jesus e pelo apóstolo Paulo, é algo que me assoberba. Amo pouco os meus semelhantes, preciso melhorar, crescer em graça. E é por isso mesmo que diariamente me volto para o Eterno, suplicando que faça comigo segundo a sua vontade, que me molde à semelhança do Filho, uma vez que nada sei e nada posso mim mesmo.

    Que Ele nos sustente hoje e eternamente!

    Grande abraço meu amigo.

    Ricardo.

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  2. Ricardo,

    Que bom é ver seus comentários aqui, sei que não tenho sido um bom anfitrião, estou me adaptando a essa história de blog.

    O mais interessante nessa passagem é que Jesus não "consegue" dizer qual o maior mandamento sem falar do segundo. As cartas do Apóstolo João deixam isso claro... "aquele que não ama não conhece a Deus pois Deus é amor".

    Assim, penso (creio) que quem realmente ama a Deus, amará ao próximo inevitavelmente.

    Na amor do Senhor

    Esli Soares

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  3. Meu caro!

    Eu amo o meu próximo. Só não amo tanto quanto o mestre disse para que eu amasse... Ainda não sou capaz de "dar a outra face".

    Você já oferece a outra face? Ama candidamente os que te prejudicam voluntária e premeditadamente? Se sim, parabéns, você já pode ascender aos céus! Rsrsrs.

    Ricardo.

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  4. Meu amado amigo,

    O caso aqui nos dá a oportunidade de praticar desse amor... por isso tolerarei (em amor) esse seu desaforo (risos), se assim não fosse deletaria esse seu comentário(hehehe).

    Pois bem, de fato já ofereci, não poucas vezes, a outra face, quem me conhece de perto o sabe bem, entretanto o ódio, a raiva e principalmente o cinismo controlam algumas de minhas ações, ainda mais nesse meu tipão briguento. Mas como dizia John Newton (1725-1807)...

    “Eu não sou o que eu devia ser.
    Eu não sou o que eu quero ser.
    Eu não sou o que eu espero ser.
    Contudo,
    Eu não sou o que eu costumava ser.
    E, pela graça de Deus,
    eu sou o que eu sou.”

    É tão somente pela graça que sou capaz de admitir isso aqui em público – vc nem imagina o tamanho do meu orgulho – assim deixo o que para traz ficou e prossigo para o alvo, a suprema vocação, a estatura do varão perfeito, não que eu já tenha conseguido... mas esmurro o meu corpo e tento fazer dele um escravo da vontade santa que já habita em mim, desde o dia em que conheci Jesus. Nessa caminha, não sem falhas, de 24 anos tenho aprendido muito e descoberto q tenho muito, muito mesmo a aprender. (Que bom ter irmão como vc Ricardo para me ajudarem).

    Na paz daquele que nos amou primeiro.

    Esli Soares

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  5. Idem, meu amigo...
    Eu também estou melhor do que outrora, mas não tão bom como gostaria e anseio. Tudo, não por obras minhas, mas inteiramente pela graça!

    Melhor que eu diminua sempre, para honra e glória do Eterno e Soberano Deus.

    Ricardo.

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