domingo, 26 de dezembro de 2010

Soli Deo Gloria!

Adoração independe de nós
  
          Adorar ao Senhor independe de nossas condições físicas, morais ou sociais. Fomos criados à semelhança do Senhor para sermos seus adoradores. Nosso fim é louvá-lo. Nosso sofrimento, alegria ou desânimo não deveriam afetar nosso louvor. É fundamental compreendermos as Palavras de Jesus à mulher samaritana “... os verdadeiros adoradores adorarão em Espírito e em verdade.” Assim como não depende de lugar (o templo de Jerusalém ou o poço de Jacó), também não depende de nossos sentimentos.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A Cruz e a Coroa

           Para nós cristãos dois símbolos devem estar sempre em nossas mentes; a Cruz e a Coroa. A Cruz que nos lembra do maravilho sacrifício de Jesus em nosso lugar e a Coroa que nos ‘fala’ de sua majestade e glória. Estes símbolos devem dirigir as nossas atitudes, se bem que não eles, como se fossem algo mágico ou místico, e sim por uma interiorização como que um lembrete — ou melhor, um aviso — “Cristo morreu em seu lugar, como você tem vivido a Vida dele que agora está em você? Ele voltará em majestade e glória e nesse dia, o Dia do Senhor, como você se apresentará diante dele?”

           Essas perguntas, motivadas e constantemente lembradas por esse símbolos, devem ser, sempre, respondidas em cada uma de nossas ações. A cada passo ou decisões tomadas devemos sinceramente avaliar se o que vamos fazer respondem de modo adequado a essas questões.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Quero Cantar

por Nádia Braga


Um dos aspectos da minha personalidade é que gosto muito de música. Desde muito nova já participava do coralzinho da Igreja. Com o passar do tempo, participei do coral adulto, entrei na equipe de louvor e sempre estive envolvida com música. E é assim que tenho trabalhado para o Reino, cantando e cantando. É notória a influencia que a música exerce sobre as pessoas. É uma força muito grande. Existem vários estudos realizados por cientistas, que demonstram que a música beneficia as pessoas, pois traz refrigério, traz alegria, traz conforto, traz diversão e tudo isso nos coloca em um estado melhor física e espiritualmente falando. Acredita-se que essa força é capaz de acabar com dores, reduzir o estresse e aumentar a capacidade cerebral das pessoas.

Como sou uma pessoa que leva a sério a música, e principalmente e acima de tudo, o Evangelho, me preocupa o rumo que as coisas estão tomando. O meu gosto é bem apurado, diga-se de passagem. Por que? Não sou do tipo que gosta de qualquer coisa, o chamado ‘gosto eclético’. E não é porque eu goste só de música gospel não, porque também gosto de música secular. Mas é porque hoje em dia a música gospel (evangélica), não é considerada sinônimo de qualidade (em termos literais mesmo).

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Até onde vai a sua fé?

          Fé, sem dúvida é uma palavra da moda. "É preciso ter fé..." tantos dizem; outros "sem fé não se chega a lugar nenhum" afirmam. Mas a verdade é que ninguém vive sem fé, todos cremos em muitas coisas e em uma quantidade enorme de pessoas e conceitos. Seja na ciência ou mesmo no seus pais, crer em alguma coisa ou acreditar em certas informações são a base da nossa vida prática. Mas até onde vai a sua fé? O que você está disposto a fazer por aquilo que você crê? Pensando nisto gostaria de refletir sobre três ‘personagens’ na história de Cristo e ver com quem sua fé mais se identifica. 

          O primeiro personagem é o povo, sempre presente em todas as histórias bíblicas, é o personagem inconstante... hoje quer uma coisa, amanhã exatamente a contrária. No domingo de ramos diz: "bendito o que vem em nome do Senhor!" (Mt 21;9) e na sexta-feira da paixão, eles, porém gritavam: Crucifica-o! Crucifica-o! (Lc 23;21). Num dia estão prontos a fazer de Jesus, rei! no outro o esbofeteia e cospem.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Sobre o recente protesto contra a UP Mackenzie

Em protesto ao pronunciamento da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), publicado desde 2007 no site da Universidade Presbiteriana Mackenzie contra o PL 122/2006 (conhecido como “lei anti-homofobia”), um grupo de ativistas organizou uma manifestação no dia 24 de novembro de 2010, por volta das 18h, em frente à universidade. Com previsão de mais de três mil participantes, o evento contou somente com cerca de 400, que se postaram diante dos portões da instituição, na Rua Itambé. Em seguida, o grupo deslocou-se do Mackenzie para a Avenida Paulista com um número já bastante reduzido, conforme anunciado por diversos veículos de comunicação como a Globo News, a Folha de São Paulo, a CET, o site da UOL e dezenas de outros sites informativos. Na universidade, as aulas transcorreram normalmente.

A oposição da IPB ao projeto de lei se baseia não só no senso comum e em análises jurídicas especializadas (que consideraram o projeto “inconstitucional”), mas sobretudo nos princípios cristãos que norteiam tanto a denominação quanto o Mackenzie. Não há novidade nisso: quando se matriculam na instituição, os alunos assinam o contrato de serviços educacionais, em que há uma cláusula explicando esse caráter confessional. Isso não significa perseguição a quem não subscreve essas bases cristãs, muito pelo contrário: não há registro na história da universidade de casos de discriminação de qualquer tipo, seja contra alunos homossexuais, seja contra alunos que professam outras religiões, ou nenhuma. Todos têm acesso aos mesmos benefícios, como bolsas de estudo.

No entanto, desde o momento em que a publicação do texto da IPB no site do Mackenzie foi “descoberta” pelos ativistas neste ano, a igreja, a universidade e a pessoa de seu Chanceler têm sido duramente atacados e acusados de “homofobia”. Filmados em vídeo, os manifestantes pediam a demissão do Chanceler, cuja foto foi estampada em diversos sites homossexuais acompanhada de palavras de ódio. A virulência que caracterizou essas expressões de indignação, mesmo antes da aprovação do projeto, confirma o quanto é perigoso que a sociedade se veja refém de uma minoria militante, que procura impor seus pontos de vista por meio de pressão e difamação, não admitindo que pessoas, igrejas e organizações cristãs simplesmente afirmem ser a conduta homossexual um pecado.

Para detalhar melhor sua postura bíblica — que se fundamenta no amor, não no separatismo, e prega o respeito a todos —, cristãos que partilham da mesma visão sobre o homossexualismo se uniram para elaborar o manifesto “Universidade Mackenzie: Em Defesa da Liberdade de Expressão Religiosa”. O texto foi reproduzido em cerca de oito mil sites cristãos e conservadores, recebendo mais de 36mil citações na internet. Traduzido para idiomas como alemão, espanhol, francês, holandês e inglês, foi postado em sites de diversos países estrangeiros, como Estados Unidos, França, Alemanha e Portugal. Centenas de manifestações de solidariedade à postura do Mackenzie foram veiculadas em diversos meios, inclusive no conhecido blog de Reinaldo Azevedo (articulista da revista Veja), um dos comentaristas políticos mais lidos e respeitados do país. Respondendo às acusações de “homofobia” com argumentos sólidos e bíblicos, os cristãos creem que sua postura contribuiu para que a manifestação de repúdio ao documento da IPB tenha recebido tão pouca adesão do público.

Nós, cristãos, estamos alegres e gratos por todo o apoio recebido e pelas orações do povo de Deus em favor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e de seu Chanceler, o Rev. Augustus Nicodemus Gomes Lopes. Instamos o povo de Deus a que se una também em súplicas e intercessões para que o Deus todo-poderoso derrame seu Espírito Santo sobre a igreja evangélica neste país. Necessitamos com urgência de um avivamento, de forma que o Cristo crucificado seja exaltado, os crentes sejam santificados, a Escritura Sagrada seja pregada com liberdade, pecadores se convertam e nosso país seja transformado, para a glória do Deus trino da graça.

Este pronunciamento é uma criação coletiva com vistas a representar o pensamento cristão brasileiro. 
Para ampla divulgação.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

2011 chegou e agora para aonde eu vou?

          Findamos novembro e logo entraremos no último mês, e o fim do ano então terá chegado, e como você avalia o seu ano? Temos o costume de refletir em nossas atitudes apenas em datas especiais e aí, constrangidos pelo disparate entre o proposto e o realizado, assumimos outros tantos compromissos e fazemos novos propósitos para o ano que se inicia, pedimos clemência, paciência e afirmamos que agora será diferente.

          Nessa época do ano é comum propor novas metas, refazer os planos, avaliar nossas conquistas, verificar o realizado pelo proposto no ano passado. Alguns têm um saldo bastante positivo, e até criativo. Sozinhos, agora enamorados, solteiros se casaram, alguns casais engravidaram, uns compraram o primeiro carrinho, outros construíram o ninho. É uma época boa, avaliamos um período da nossa vida e pensamos nos seguintes. Tem sempre aquele sonho que esse ano conseguimos realizar, os quilinhos que perdemos, o curso que terminamos, o concurso em que fomos aprovados. E, claro, eu não poderia esquecer de alguns fracassos, insucessos que acompanha uma vida de realizações, “só se molha quem arrisca andar na chuva”.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

UNIVERSIDADE MACKENZIE: EM DEFESA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO RELIGIOSA

UNIVERSIDADE MACKENZIE: EM DEFESA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO RELIGIOSA

A Universidade Presbiteriana Mackenzie vem recebendo ataques e críticas por um texto alegadamente “homofóbico” veiculado em seu site desde 2007. Nós, de várias denominações cristãs, vimos prestar solidariedade à instituição. Nós nos levantamos contra o uso indiscriminado do termo “homofobia”, que pretende aplicar-se

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A Igreja

          A Igreja de Cristo é o grupo daqueles que Deus acolheu por sua graça através do seu filho Jesus Cristo, em quem todos os mistérios e promessas do Antigo Testamento são cumpridos (2Co 1:20). Um só povo, em diversas dispensações[1], povo de Deus em todos os tempos, frutos de um relacionamento especial estabelecido por Deus com Adão (em seu descendente com Eva) e especialmente confirmado, por Ele a Abraão (Gl 3:15 a 27) no provimento de um povo, e com Moises, no registro desse pacto (Ex 20)[2].

          A Verdadeira Igreja, o corpo místico de Jesus, a comunidade dos salvos, é Católica (universal), invisível, atemporal, completa[3] e perfeita[4] (Ef  1: 10, 22-23; Cl 1: 18). É parte do Reino do Senhor Jesus já, agora aqui na Terra – embora ainda não em sua plenitude[5] – e nos Céus (agora) espiritualmente. É a casa e a família de Deus, fora da qual não há possibilidade de salvação.

          Nela, todos os eleitos pela Graça,  aqueles que pelo mundo inteiro professam (professaram e professarão) verdadeiramente Cristo como único Senhor e Salvador, estão conectados uns aos outros (e a ele – óbvio) e por ele são mantidos conectados. Essa Igreja não é o vínculo, nem instrumento do vínculo, mas é nela que esse vínculo fica evidente e é fortalecido (Ef 4;1 a 16).

sábado, 23 de outubro de 2010

A Política e o Reino

Como é de costume, o presbítero Solano Portela tem escrito excelentes textos, e através do blog O Tempora! O Mores!, juntamente com os também profícuos reverendos Augustus Nicodemus e Mauro Meister (que nomes mais sugestivos, não?!) tem nos brindado com pérolas. No recente texto sobre o termo governo, fui suscitado a comentar sobre o assunto, mas o texto ficou grande e achei por bem postar aqui ao invés de tomar linhas dos comentários (parte esta lá!). Estou, também, numa conversa em outro blog (do Jorge Isah o KALAMOS) onde, fugindo do debate binário do pleito atual, conversamos sobre as idéias de Marx e o envolvimento de cristão nelas. É desses fantásticos blogs e das conversas com esses excelentes escritores (e aqui acrescento o Ricardo Manedes, o André Venâncio e a Norma Braga) que vem esse texto.
Antes de qualquer coisa
          Ao concluir o excelente artigo Afinal, quando começou e para que serve o governo?, o Solano (permita-me a intimidade) enfatizou, especificamente no ponto e, questões chaves e pragmáticas da ação (ou da não-ação) do governo:
Para quê serve o governo? Para muito pouco, mas esse pouco é essencial. Serve para garantir a nossa segurança e para reconhecer os cidadãos de bem (Rm 13.1-7), dando-lhes oportunidades iguais de desenvolverem as suas desigualdades. Não serve para administrar empresas. Não serve como mero provedor de empregos sem critérios de eficiência. Não serve como supridor de assistencialismo perene, que gera dependência e tira a iniciativa. Não serve como base de ganho pessoal ilícito aos governantes. Não serve como instrumento de tirania, moral ou física. Não serve para estabelecer ou legislar o certo e o errado (mas deve SE REGER pelo certo, e não pelo erro). Não serve para tomar o lugar da família e postular como esta deve criar e NÃO disciplinar os filhos. Não serve para alterar parâmetros biológicos e para inventar casamentos entre os incapazes para tal. Não serve para abrigar assassinato de infantes. Não serve para o gigantismo que gera opressão e tirania (mas deve se enquadrar em suas limitações, dando espaço para os cidadãos respirarem livremente). Ou seja, não serve para a maioria das áreas que usurparam o foco e a área de concentração legítima – garantir nossa liberdade!”
         

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

As virtudes cristãs na prática eclesiástica!

        Texto publicado no site da IPB, com o qual concordo em todos os detalhes, sem haver a necessidade de nenhum comentário adicional!

EM TEMPO DE SEGUNDO TURNO DAS ELEIÇÕES GERAIS NO BRASIL


           A Igreja Presbiteriana do Brasil, em obediência à Sagrada Palavra de Deus, reconhece que Deus é o Soberano Senhor sobre toda a terra e que seu governo abrange todas as dimensões da existência humana. Assim, todo ser humano investido de autoridade está sujeito a Deus, pesando sobre ele o dever de exercer suas funções públicas com equidade e fidelidade.  Os cristãos são conclamados a participar no processo eleitoral e político do mesmo modo como precisam se envolver nas demais áreas da sociedade. À igreja, pois, cabe a tarefa de orientar seus membros para que sejam responsáveis e atuantes em cumprimento aos mandados de Deus.

           Reafirmamos que a Igreja prima pela inviolabilidade da consciência política de seus membros e, portanto, não apóia individual e oficialmente nenhum candidato ou partido político, bem como, nenhum de seus membros tem autorização para falar em seu nome, indicando ou apoiando em nome da Igreja qualquer candidato. Não apresentamos nenhum nome com a intenção de manipular ou induzir as pessoas, impondo-lhes a obrigação de votar nos mesmos.

           A Igreja Presbiteriana do Brasil fala por meio de Concílios e não por indivíduos, mesmo que investidos de autoridade pastoral individualizada. O Supremo Concílio da Igreja reunido em Curitiba, em julho de 2010, não oficializou nenhum apoio a quaisquer candidatos e nem a partidos políticos específicos, somente orientou que a Igreja no seu todo participe de forma crítica levando em conta as propostas apresentas. O direito do voto é intransferível e inegociável e deve expressar a consciência do cristão verdadeiro.

           A Igreja Presbiteriana do Brasil já tem de forma pastoral orientado os seus membros e publicado o seu posicionamento oficial em relação a questões críticas discutidas neste momento de debate político. Rogando as mais ricas bênçãos sobre o povo de Deus nessa hora, e suplicando ao Senhor da Seara que abençoe os membros da Igreja Presbiteriana do Brasil no exercício fiel de sua cidadania, despeço-me.

Do servo,


Rev. Roberto Brasileiro Silva
Presidente do Supremo Concílio Igreja Presbiteriana do Brasil

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Quae Scripturae? Divinitus inspirata est!

1 - Introdução ao Texto
          Para os cristãos, todas as argumentações são – ou deveriam ser – feitas apoiadas em um princípio: Existe um único Deus, Senhor, Criador e Mantenedor de tudo e de todos (At 17;28) que se dá a conhecer, se revelando e revelando a sua vontade (Hb 1;1 a 3). Essa revelação é a Bíblia, e é através dela (Jo 1;1 e 14) que hoje Ele comunica sua boa, perfeita e agradável vontade.

          A Bíblia não é um apanhado folclórico do oriente proximal, nem um amontoado de histórias fantásticas de cunho moralista, ou mesmo apenas um registro histórico de acontecimentos reais. Ela é a Palavra de Deus para o povo de Deus (Lc 8;21). Nela estão todas as respostas, orientações e mandamentos claros para a vida dos filhos de Deus (Mt 4;4). Se Deus é verdadeiro, e a Bíblia é a sua Palavra, nada deve ser mais importante que conhecer profundamente esse texto sagrado (Mc 12;24). Ou seja, a única pretensão de um verdadeiro servo de Deus é conhecer essa Revelação, meditar nela e obedecê-la (Dt 6;6 a 25), isso é verdadeiramente viver a fé, isso é realmente crer!

          Como crer é também pensar, deve ser – e é – possível explicar[1] a fé Bíblica[2], mas para tanto é preciso abordar questões relacionadas ao próprio texto disponível atualmente[3]. Ou seja, antes  de abordar as doutrinas, instruções, exemplos, avisos e recomendações da Bíblia, o foco deve ser a própria Bíblia: sua formação, seu caráter e singularidade, a certeza da preservação, a vida de seus ‘autores’, o contexto sócio-cultural em que foi escrita, os leitores originais e etc. afinal, ela é o pressuposto inegociável: Sola Scripturae.

sábado, 18 de setembro de 2010

O 11 de Setembro? - Eu, você e o mundo!

Pra começo de conversa...
Esse post bem poderia ser apenas uma resposta dentro dos comments do artigo “O 11 de Setembro?”, mas eu resolvi postar esse novo texto como um complemento ao artigo, depois de pensar muito no comentário do estimado irmão Jorge Isah. Afinal a proposição apontada por ele, o “porém” descrito, merece ser melhor analisado. É assim que esse post deve ser lido, não como uma resposta ou defesa do meu posicionamento frente alguma contrariedade – que, diga-se de passagem, a meu ver, não houve – mas como um esclarecimento, uma extensão do que ficou espremido no último parágrafo do post anterior, uma melhor explanação do que defendo como a atitude cristã correta frente às vicissitudes da vida.
Uma introdução: ou, breve explicação para quem ainda não entende a nossa (do cristão) relação com o mundo. 
          Não nego que o mundo tenha coisas boas ou mesmo que progrediu, ou tem avançado. Uma rápida análise histórica e já ficamos impressionados com o que conquistamos. Em pouco mais de um século deixamos as carroças de tração animal e passamos a andar em carros cada vez mais rápidos, seguro e confortável; hoje somos capazes de dar a volta na circunferência da Terra em 18 horas em um avião comercial: um ônibus espacial faz isso em menos de 30 mim; estamos à distância de um “click” das muralhas da China; nossa voz ecoa no universo digital em proporções globais. Mais de 80% dos grandes cientistas da história ainda estão vivos e atuantes em nossa geração; conhecemos a cura para um sem número de problemas de saúde; cirurgias podem ser feitas num bebe quando ainda dentro do útero materno; somos capazes de realizar uma infinidade de transplantes de órgãos por dia. Conquistamos o direito ao voto e todos – pelo menos na teoria – são iguais perante a Lei. 

sábado, 11 de setembro de 2010

O 11 de Setembro?

          “Lugares comuns” são perigosos. Imagino que muitos sites estão falando sobre os eventos de 11 de setembro de 2001, e estou atraído a falar deles também.

          Muitas descrições, testemunhos e fotos dos ataques terroristas às torres gêmeas do WTC foram e ainda estão sendo divulgados. As histórias de heroísmo de bombeiros – ou mesmo de pessoas comuns – que perderam suas vidas salvando dezenas de outras, se amontoam mostrando o valor de alguns indivíduos. Entretanto juntamente com essas histórias fantásticas, crescem as teorias conspiratórias. Algumas dessas teorias são ate interessantes e mais elaboradas que outras, e se apóiam em algumas perguntas não respondidas e em conjecturas de fatos plausíveis. Entretanto, muitas dessas teorias, são motivadas por uma vontade (infantil) de tornar-se parte da historia recente ou por maldosas especulações comerciais produzidas por pessoas sem o menor escrúpulo, outras tantas, são motivadas pelo desejo sórdido dos “15 minutos de fama”.

          O 11/09 foi um evento traumático, marcou não só a cidade de Nova Iorque e a nação Americana, como o coração todos os homens. E deixou claro que o dinheiro e as armas não são capazes de proteger, que o sonho do progresso é efêmero, e que as colunas erguidas pelo capitalismo também podem ruir. Alguns se sentiram culpados pela arrogância em que viviam e adotaram uma vida mais simples, na expectativa de passarem despercebidos e assim sobreviver mais tempo, outros, não poucos, apoiaram as investidas militares enérgicas da administração Bush.

         

Quero Cantar!

por Nádia Braga

          Um dos aspectos da minha personalidade é que gosto muito de música. Desde muito nova já participava do coralzinho da Igreja. Com o passar do tempo, participei do coral adulto, entrei na equipe de louvor e sempre estive envolvida com música. E é assim que tenho trabalhado para o Reino, cantando e cantando. É notória a influencia que a música exerce sobre as pessoas. É uma força muito grande. Existem vários estudos realizados por cientistas, que demonstram que a música beneficia as pessoas, pois traz refrigério, traz alegria, traz conforto, traz diversão e tudo isso nos coloca em um estado melhor física e espiritualmente falando. Acredita-se que essa força é capaz de acabar com dores, reduzir o estresse e aumentar a capacidade cerebral das pessoas.

          Como sou uma pessoa que leva a sério a música, e principalmente e acima de tudo, o Evangelho, me preocupa o rumo que as coisas estão tomando. O meu gosto é bem apurado, diga-se de passagem. Por que? Não sou do tipo que gosta de qualquer coisa, o chamado ‘gosto eclético’. E não é porque eu goste só de música gospel não, porque também gosto de música secular. Mas é porque hoje em dia a música gospel (evangélica), não é considerada sinônimo de qualidade (em termos literais mesmo).

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Israelense, Israelita, Judeus e Povo de Deus

          Há uma grande confusão sobre os 4 termos que dão nome e este texto. Temos que fazer distinções, não só entre o atual Estado de Israel e o Israel histórico-bíblico, mas, principalmente, com o Povo de Deus. Não devemos nos iludir: israelenses (cidadão de Israel, nação constituída em 1948) e os israelitas de outrora (povo descendente de Abrão; filhos das 12 tribos, os filhos de Jaco; povo da Judéia, até 70 d.c; também conhecido como hebreus) não são, exatamente, o mesmo povo.

          Já o termo judeu, entretanto, refere-se a quem segue o judaísmo, religião cognata às práticas cerimoniais (preservadas, desenvolvidas ou contaminadas) depois do exílio babilônico. Essas práticas estão associadas à observação de princípios e conceitos descritos, abstraídos ou relativos ao que hoje chamamos V.T. Assim pode existir, israelenses cristãos, ateus, budistas, etc., mas – a rigor – não existe judeu cristão. E, é lógico, que hoje, nesse sentido, não existe israelita, e que nenhum desses grupos (étnico, cultural ou religioso) é, necessariamente, povo de Deus.

       

sábado, 28 de agosto de 2010

7 Pecados Capitais? – O Pecado Original

                          por Nádia Braga 
  
          A intenção desse texto – primeiro de muitos* – é fazer um relato, uma exposição, uma descrição do que sejam esses pecados capitais, e assim partindo de alguns princípios cristãos estabelecidos nas Escrituras, a Palavra de Deus, indo além desses 7 pecados, pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus (Rm 2; 23). A idéia central dessa discussão é enfocar o que Deus diz a respeito do Pecado e do pecador demonstrando que embora não tenha levado em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam (At 17;30), afinal o salário do pecado é a morte mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm 6; 23).


E então, já ouviu falar em Pecados Capitais? 
E quais as conseqüências para quem os comete? 

          Reconhecidamente são 7. A Igreja Romana classificou e seleccionou os pecados em dois tipos: os pecados que são perdoáveis sem a necessidade do sacramento da confissão – pecados sem maior importância – e os pecados capitais, merecedores de condenação e que só pode ser perdoado por um sacerdote no sacramento da confissão. Esse Pecados Capitais – os mais importantes – na visão romana opõem-se às virtudes apreciáveis, e segundo o Papa Gregório I (sec.VI), esses pecados ofendem diretamente ao Amor. Segundo a lista atualmente em vigor, feita principalmente por Tomás de Aquino (sec.XI), os Pecados Capitais são: Vaidade; Inveja; Ira; Preguiça; Avareza; Gula, e; Luxúria. 

          Mas à luz das Escrituras Sagradas, existe algum pecado mortal ou capital? O que a Palavra de Deus define como sendo Pecado e quais os seus aspectos mais importantes e relevantes?

          Em Provérbios 6; 16 a 19, conseguimos enxergar muita semelhança com esses Pecados Capitais.: “Há seis coisas que o SENHOR odeia, sete coisas que ele detesta: olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que traça planos perversos, pés que se apressam para fazer o mal, a testemunha falsa que espalha mentiras e aquele que provoca discórdia entre irmãos.”

          Mas a Bíblia não lista claramente cada um desses pecados, mas sabemos que todos estão relacionados com a natureza corrompida e impura do ser humano. Na verdade, não podemos falar de pecados – sejam 7, 8, 9 – sem falarmos do Pecado. Este, o Original, causador da separação da criatura em relação ao seu Criador e conseqüente morte espiritual.

          Pela soberba, o homem pecou ao querer ser igual a Deus. Desobedecendo ao que Ele havia ordenado: da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.

          Não foi só por causa do ato de comer o fruto proibido – como se o fruto em si carregasse a semente do mal – mas por ter desobedecido; por ter sido infiel; por não ter confiado na Soberania do Deus Todo-Poderoso, que homem, corrompido pela desconfiança, deixou que a concupsciência da carne, a concupsciência dos olhos e a soberba da vida ‘falassem mais alto’ que a clara voz de Deus e quis ser igual a Deus – e até pior, ser Deus!

          Infelizmente, hoje, esse ‘Pecado de Adão’ transcendeu todas as gerações e chegou até nós e nos matou, do mesmo modo atingirá todas as gerações que virão depois de nós – as matando também – pois, da mesma forma como o pecado entrou no mundo por um homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte veio a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm. 5;12).

          Mesmo assim as pessoas não falam mais sobre pecado. Os cristãos não querem mais ouvir dos púlpitos, assuntos tão ‘pesados’ como esses. As igrejas não tratam mais com tanta preocupação e respeito – o nome até já mudou de pecado para ‘deslizes’ ou ‘falhas’. É preciso levar a sério a centralidade da Palavra de Deus, que é sempre presente e atual, pois ela (a Bíblia) trata pecado como PECADO e traz descritas as conseqüências desse ato que está arraigado na humanidade desde o início dos tempos.

          O Pecado é algo que domina o interior do homem, conseqüentemente corrompendo-o moral e espiritualmente. Afinal o que sai da boca vem do coração, e é isso que contamina o homem. Porque do coração (interior do homem) procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias (Mt 15;18,19). O Pecado tornou o ser humano imoral, desonesto, infiel e falso. Não há ninguém absolutamente verdadeiro, honesto e fiel. Todos somos – uns mais outros menos – hipócritas: aparentamos o que internamente não somos. Isto porque todos estamos sob o peso do Pecado e, em conseqüência, colocamos Deus em segundo lugar nas nossas opções, atividades e lazeres.

          O Pecado corrompeu o homem, comprometendo seriamente o seu destino espiritual: Porquanto, tendo conhecimento de Deus não o glorificou como Deus, nem lhe deu graças, antes todos os homens se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, e o coração insensato ficou obscurecido. Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos, e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis (Rm 1;21 a 23). Por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes, cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de inveja, homicídio, contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores, caluniadores, aborrecidos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais, insensatos, pérfidos, sem afeição natural e sem misericórdia. (Rm 1; 28 a 31).

De fato o Pecado, o Original, é Capital!

*  Nádia Braga, minha irmã, é uma das pessoas que me ajudam nesse blog de forma oficial, esse é seu primeiro post, logo virão outros.

sábado, 21 de agosto de 2010

Alma é Imortal?

          A doutrina da imortalidade da alma carece de um cuidado especial. Nesses tempos de sincretismo devemos diferenciá-la do pensamento platônico ou do espiritismo e, estruturá-la tão somente na Bíblia (Hb 4;12), mesmo que com isso venhamos a negar algumas “verdades” comuns. Nossa esperança (1Co 15;16) não se baseia na imortalidade ou continuidade da alma ou de qualquer espectro parcial da personalidade, e sim é na total e perfeita reconstrução do ser humano tal qual criado inicialmente por Deus. Esse fato que ocorrerá num tempo marcado e determinado de conhecimento exclusivo do nosso Pai (Mt 24;36 e At 1;8), tempo este não somente aguardado pelos crentes, mas toda a criação ansiosamente geme esperando o dia do livramento (Rm 8;22). Tal promessa é certa, pois Deus prometeu em Cristo Jesus (Jo 6;40).

          Para tratarmos de imortalidade, entretanto, primeiro devemos entender o conceito de Morte, mas ao fala morte temos que abordar a Vida. A Morte é o contrario da Vida, se viver é ser, e morrer é deixar de viver, logo, morrer é deixar de ser, de existir. Segundo Berkhof - A idéia escriturística da morte inclui a morte física, a morte espiritual e a morte eterna: morte física - “parar de respirar”; morte espiritual - a separação entre Deus e o ser humano (conseqüência do Pecado), e; morte eterna - a punição final do pecador, o inferno. Assim imortalidade é a capacidade de não morrer, por tanto temos obrigatoriamente três tipos de imortalidade: imortalidade física (ou natural) - não morrer nunca, continuar vivendo indefinidamente; imortalidade espiritual: não se separar de Deus, ou não ter pecado; Imortalidade eterna: não ir para o inferno, não ser punido eternamente.

          Também temos que entender o que é alma. A Bíblia apresenta a idéia de que o ser humano é mais que o corpo (Gn 2; 7, Ec 12; 7). Existem duas divisões no ser humano a parte física (corpo) e a parte imaterial (alma). É importante frisar que ambas são inseparáveis e que uma depende da outra. Morrer fisicamente (natural) está associado exatamente a separação ou perda de um desses elementos (Tg 2;26, Jo 19;30). A morte é um rompimento das relações naturais da vida. 

          As expressões bíblicas afirmam a morte como uma coisa introduzida no mundo da humanidade pelo Pecado; uma punição positivada ao Pecado (Gn 2;17 e 3;19, Rm 5;12 a 17, 6;23, 1 Co 15;21, Tg 1;15). A morte não é algo natural na vida do homem, como se fosse um caminho inexorável da existência, nem com mera falha de um ideal social, moral ou ético. A Morte é descrita como algo alheio e hostil à humanidade, e mais, é uma expressão da ira divina (Sl 90;7 a 11), um julgamento (Rm 1;32), uma condenação, (Rm 5;16) e uma maldição (Gl 3;13).

          É importante observar que Adão é um ser vivo, que passa a morrer por causa do pecado (Gn 3;19), não há nenhum motivo, senão uma hiper valorização das ciências naturais, para que não afirmemos que o ser humano foi criado imortal. A morte só entra no cenário humano a partir da queda. Daí se desenvolve a idéia nos meios cristãos de que algo (latente) no homem caído ainda possua a imortalidade, entretanto, a Bíblia não diz diretamente que a alma, essa parte imaterial do homem caído é imortal, embora seja demonstrável tal conceito já existia no V. T. e no N.T.

          A primeira vista todas as civilizações crêem na imortalidade (e eu não vou perder tempo descrevendo essas idéias), mas a Bíblia apresenta um conceito bem diferenciado: imortalidade absoluta: Deus é o ser por essência imortal ou eterno, não tem inicio e nem fim (ITm 6;15); imortalidade humana: antes da queda, Adão não era marcado pela morte, mas obviamente corria o risco (Rm 5;12); imortalidade escatológica ou vida eterna: a impossibilidade do ser humano ser tocado pela morte; extirpar a possibilidade de morrer da existência humana; Resultado da participação na arvore da vida (Gn 3;22); vitória definitiva de Jesus (1Co 15;26 e Ap 20;14 e 21;4).

          Fomos criados para viver para sempre, mas o pecado nos trouxe a morte, Cristo venceu a morte morrendo em nosso favor, mas ainda nem tudo o que deve acontecer, já aconteceu (já... ainda não), um processo que ainda acontecerá é o julgamento final onde o estado final de Vida ou Morte será definido, os que estiverem escrito no livro da vida (Ap 21;27) herdarão a vida eterna (1Co 15; 54 a 57), para os demais a destruição no lago de fogo (AP 20; 14 e 15). Para concretizar esse Juízo o réu deve ser mantido, afinal não será a revelia e nem de um semi-ser inconsciente, sabemos que antes desse julgamento todos sem exceção se apresentarão diante de Deus (Ap 20; 12 e 13). O corpo se decompõe e a alma (ser humano incompleto, mas distinto) volta para Deus, e nisso é preservada (Ec 12;7), o ímpio em lugar incerto e tormentoso, reservado para o juízo, mas o crente em boa dádiva (Lc 16,19, CFW, XXXII) esperando a remissão completa (Ap 6;11).

Assim sabemos:
          1 - A alma em si mesmo não possui nenhuma característica eterna, pois eterno é o nosso Deus. Qualquer qualidade, seja mental, física ou espiritual, descende de Deus (Tg 1;16 a 18). Crer em imortalidade da alma como uma essência da própria alma é uma falácia que, nós crentes, devemos rejeitar.

          2 - Se a alma se mantém ativa exatamente como antes da dissociação do corpo ou se ela está consciente e preservada de outra forma é um mistério que não nos foi revelado por Deus em sua palavra, sabemos, entretanto, que sobre todas as coisas Deus é soberano e nada lhe escapa ao controle, não podendo ele ser pego de surpresa por nenhum inconveniente.

          3 - “A imortalidade da alma” é apenas um estado temporário (estado intermediário), pois no tempo designado por Deus, serão ressuscitados (Its 4;14 e 15) e se juntarão aos vivos que também serão transformados para as bodas do cordeiro, esses são o aqueles que tem seu nome escrito no livro da vida e entrarão no descanso do Senhor (Mt 25; 31 a 46).

          4 - Todos grandes e pequenos compareceram diante de Deus. Nesse dia, o Dia do Senhor, e os que não forem achado inscrito no Livro da Vida serão entregues a morte eterna, juntamente com o diabo, o sedutor deles, lançado para dentro do lago de fogo e enxofre, onde , também, se encontrão não só a besta como também o falso profeta; e serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Jesus e a Lei

          Em certa ocasião, Jesus foi questionado qual era o maior mandamento a ser cumprido (Mt 22; 34 a 40). Embora Jesus fosse um judeu bem instruído e conhecedor de toda a tradição Judaico - como bem mostra o episodio tão conhecido, narrado por Lucas (Lc 2;41 a 52), de que aos 12 anos ele desencontrou-se dos pais em Jerusalém e só foi encontrado 3 dias depois no templo debatendo com os sábios e espantados teólogos da época - ele não citou alguma regra religiosa ou a necessidade de sacrificar alguma coisa para Deus, ou dar algum dinheiro para Igreja, ou mesmo freqüentar alguma igreja.

          Jesus, o bom mestre, é taxativo, o maior mandamento é amar a Deus de todo o coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento e o segundo mandamento, tão importante quanto o primeiro é amar ao próximo com a ti mesmo. O nosso Senhor Jesus esclarece que essa postura de vida é agir segundo a vontade de Deus. A Lei de Deus e tudo o que os profetas falaram ao povo se ressume e amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo com a si mesmo.

          Alguns termos precisam ser esclarecido para entendermos exatamente o que Jesus está dizendo: Amar, usado duas vezes, um em cada mandamento. O termo, traduzido por amor, significa devoção, sacrifício, altruísmo. Todo, repedido 3 vezes, refere-se a abrangência desse amor, completo ou cheio. Coração, esse talvez seja o verbete mais confundido, é obvio que não se trata do órgão cardíaco responsável pelo bombeamento sanguíneo. Coração nesse texto refere-se a parte racional do ser humano e não ao centro das paixões e emoções. Alma, a parte imaterial do ser humano, as atividades e situações ligadas a quem nos somos, a psique. Entendimento, a capacidade dos nossos conhecimento, as nossas faculdades, e sabedorias, o que sabemos. Próximo, os seres humano, qualquer pessoa...

          De posse desses seis termos, podemos concluir que Jesus afirma nesse texto, ou duplo mandamento: devemos nos devotar ao nosso Deus de uma maneira completa e intensa em todos os aspectos do nosso ser, os nossos bens, as nossas capacidades, as nossa vontades e desejos, os nossos sonhos e planejamentos. Tudo deve estar completamente a disposição de servir a Deus (devotados) e conseqüentemente devemos nos devotar ao próximo com a mesma intensidade e disposição que a nós mesmo, nem alem nem aquém. Ou seja, tão grave quanto ter alguma coisa na vida mais importante que Deus (idolatria) é não amar o próximo com você si ama.

          Eu nunca conheci alguém que não amava a si mesmo. Pode até ser que você conheça, eu não... Uma pessoa que realmente não ama a si mesmo, eu nunca conheci. Talvez até se ame de uma forma estranha ou descuidada, mas creio que todos amam a si mesmo. Até os suicidas se amam, é muito provável que por conta desse amor desequilibrado é que dão cabo da vida, pois realmente não podem suportar o que o mundo faz com a pessoa que eles mais amam... O Eu.

          Usando essa verdade como base, e lembrando de uma outra passagem, também no evangelho de Mateus, no cap. 7 ver 12, lemos: “Tudo quanto, pois quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a lei e os profetas.”

          De forma bem prática Jesus está te perguntando, hoje: você tem amado as outras pessoas como você gostaria de ser amado? Tem respeitado seu chefe, como você gostaria de ser respeitado por ele? Você ouve seus filhos com interesse, como você gostaria que eles o ouvisse interessados? Você ama seu marido ou esposa como quer ser amado por ele ou ela? Você trabalha para o crescimento da Igreja como você gostaria de que a Igreja trabalhasse para o seu crescimento? Você liga ou visita outros irmãos...E no ministério? Na escola? Com seus irmãos, vizinhos, amigos? Você tem feito os que você quer que faça com você?

terça-feira, 3 de agosto de 2010

QUEM SOMOS?

         Dias atrás, lendo a coluna semanal da Lya Luft, apresentada na revista Veja, o assunto tratado me impressionou. Nela a autora falava sobre a sordidez humana, título, inclusive, do texto (revista Veja, 10 de maio de 2009). Com a capacidade que lhe é peculiar, a escritora estranha o desejo pelo errado. Discorrendo entre a beleza e o caos que se encontram no coração humano, dispara: “Que lado nosso é esse, feliz diante da desgraça alheia? Quem é esse em nós, que ri quando o outro cai na calçada?”. Esta esquizofrênica pergunta assola a mente de todos os que são minimamente capazes. Questionar-se sobre quem é esse em nós ou que lado é esse em nós, e por conseqüência, o que somos nós, é algo comum a todos.

         Filósofos, cientistas e pensadores têm, a séculos, discutido tal temática. Os poetas e artistas pintam – cantam ou contam – belos feitos e tem visões exaltadas da humanidade, exaltada para o bem ou mesmo para o mal. Somos o homos economicus para os analistas do dinheiro, um mero número para os tecnocratas, não mais que máquina para os biólogos... “o homem é a medida de todas as coisas”, o centro de tudo, dizem. Mas quem sou eu? Reflexo, sombra ou objeto?

         Inúmeros livros trazem uma ou mesmo várias respostas para essa questão, mas eu gostaria de abordar quatro dimensões do ser humano numa perspectiva bíblica. Algumas pessoas defendem que a Bíblia trata apenas das questões diretamente relacionadas à salvação, ou a religião, afirmando que a mesma nada diz acerca de ética, política, psicologia e até de metafísica – ou pior – para alguns, quando a Bíblia diz algo essencialmente não religioso – se é que isso existe – não deve ser encarada como autoridade, afinal, dizem: “a Bíblia é um livro antigo, preconceituoso e claramente machista”.

         Não vou me prender em defender a Bíblia e passar a argumentar o porquê ela é autoridade, apenas vou dizer que eu creio que a Bíblia é a palavra de Deus para a nossa vida, nossa vida por completo, por tanto conhecer o que a Bíblia diz acerca de nós mesmo é descobrir o que o nosso criador pensa (quer, ordena, e sabe) a nosso respeito, as criaturas, feitura de suas mãos. “Matematicamente” é impossível crer no Deus que a Bíblia conta, sem que seja importante – melhor – imprescindível, ouvi-lo. Assim gostaria que você prestasse atenção à voz do Criador, falando nas Escrituras. Segue, então, quatro visões escriturísticas acerca do ser humano.

1 - Imagem de Deus: Gn 1;26, perfeito, bom e capaz: é assim que a Bíblia começa a descrever quem é o ser humano. A imagem e semelhança do Deus Criador. Dentre todos da Criação, o humano foi coroado com singular capacidade: ser a figura mais próxima da própria divindade. Fomos feitos como uma escultura na qual o artista colocou muito de si mesmo, uma espécie de auto-retrato divino. Olhe para si! Deus é assim, como você e eu, eu ousaria dizer que Ele é mais humano do que nós costumamos pensar. 

2 – Pecadores: Gm 3;6, Rm 1,20 e 3;10, decadente, mal e incapaz: embora tão grandioso seja o ser humano e tão magnífico em seu ideal, nenhum de nós, por mais simplório que seja, pode realmente enxergar na humanidade algo mais que alguns lampejo dessa tão bela “Imago Dei”. Infelizmente somos pecadores! A perfeição em nós foi manchada pela nossa própria presunção de perfeitos, a soberba da vida e a desobediência causada por ela, quebraram a escultura divina, a imagem e semelhança com Deus foi reduzida a fragmentos; olhe as páginas do jornal, assista televisão, leia as colunas das revistas. Se você ainda mantêm a crença na sociedade como a força capaz de nos tirar das trevas e da barbárie, nos levando a avançar para a completa equidade, você não é um humanista... é um cego.

3 – Alvo do amor de Deus: Jo 3;16, Rm 5;11, Rm 8, 26 a 32, perdoados, resgatados, restaurado: Mas Deus prova de seu amor por nós ao mandar seu único filho (JESUS) morrer em nosso favor quando ainda éramos inimigos de Dele. Deus nos criou perfeitos, nos mudamos a perfeição em depravação, mas Deus não nos abandonou, não nos deixou como cegos tateando a procura de uma solução, ele mesmo veio até nós e nos buscou. A Luz brilha em meio as nossas trevas e todos podem ver (Rm 1;18 e Hb 1;1).

4 – Servos obedientes? Rm 12,1 e 2, Fp 2;1 a 10, habilitado, preparado, atuante? O que podia ser feito, foi feito! O que devia ser feito, também, foi feito. Deus não poupou seu próprio filho, como não completará a obra que em nós foi iniciada? Entre tanto parece – e, isso digo com absoluta convicção que assim é – o resgate é passivo, nada podemos fazer para mudar a nossa situação de pecadores para perdoados, isso é tarefa divina. Mas com a mesma intensidade que as Escrituras nós mostram isso, ela também nos mostra que devemos desenvolver a nossa salvação, esmurrando o próprio corpo para acertar o caminho.

         Fazer o bem, viver e procurar viver como imagem e semelhança divina, admitindo, humildemente que somos pecadores, mas de igual modo fomos alcançados (perdoados, sarados, limpos, regenerados, tão somente pelo sacrifício de Jesus), pois somos o alvo do amor de Deus, é a forma, escolhida por Ele para que sejamos, realmente felizes, completos e vivos, até que se manifeste aquilo que seremos eternamente, até que a natureza que sofre nessa presente ordem alterada – pelo pecado – seja refeita, redimida, resgatada; até que eu e você nos encontremos com Cristo, Rei dos reis, Senhor dos Senhores e em sua majestade e glória sejamos todos nós (aquele que lavaram suas vestiduras no sangue do cordeiro) eternamente reunidos. Amém!

domingo, 1 de agosto de 2010

DECLARAÇÃO DE FÉ CANTADA

Deus Sabe
                Cláucia Carvalho

Pra tudo Deus tem uma razão
Pra tudo Deus tem um porquê
Deus tem uma solução
Pois nada, nunca, nunca é vão
Deus sabe o que faz, Deus sabe dizer
A noite é escura até o amanhecer
Por mais que dure o sol há de nascer
Não há tristeza que insista
Que resista à mão Deus
Pertencem a Ele a cura da dor,
Do sofrer e até de adeus...
Pois todas as coisas cooperam
Para o bem dos que amam a Deus

quarta-feira, 28 de julho de 2010

O Senhor é o seu pastor?

O rei Davi escreveu, há cerca de 3000 anos, por inspiração divina, a famosa poesia que conhecemos como Salmo 23. Utilizando-se de alegorias do dia-a-dia pastoril, afinal, o rei Davi, havia sido pastor de ovelhas, é nos apresentado uma profunda espiritualidade.

O SENHOR é o meu pastor, nada me faltará.
Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranqüilas.
Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome.
Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo;
a tua vara e o teu cajado me consolam.
Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos,
unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda.
Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida;
e habitarei na casa do SENHOR por longos dias.

         Já nos primeiros versos nós encontramos uma descrição da confiança que Davi depositava na pessoa de Deus, Davi era a ovelha; Deus, o Senhor, era o seu pastor. Assim como uma ovelha depende de seu pastor para viver, Davi submissamente confiava na providência de Deus. Ele sabia que não sentiria falta de nada em sua vida. Essa confiança na provisão divina se estendia em todas as faces de sua vida. Seja nas necessidades físicas, como comida ou moradia, seja nas questões psicológicas, alegria ou paz. Para o rei Davi, até o seu repouso e descanso vinham do Senhor, para ele o refrigério, o alívio para a correria dos dias, era dado pelo próprio Deus. Até as veredas da justiça, o caminhar honesto da vida desse homem – que vivia segundo o coração de Deus – eram guiadas pelo Senhor.

         “Será que você está disposto a ter uma vida de confiança no Senhor? Está disposto a viver segundo a providência de Deus? Lembre-se Davi era o servo, Deus, o Senhor. Como uma ovelha que depende de seu pastor, Davi está disposto a simplesmente confiar nos desígnios e nas direções de Deus, que sabe os melhores e mais seguros lugares para encaminhar nossa vida. Confie nas ordens que Deus nos dá através de sua palavra, a Bíblia Sagrada, sabendo que ele nos protegerá.”

         Avançando um pouco, no verso 4, o Rei Davi destaca que a segurança nas diversas situações da vida viam da presença de Deus. Afirmando que o bordão e o cajado de Deus serviam de proteção para sua vida, Davi não temia nenhum mal, pois ele sabia que vivendo em obediência, Deus o protegeria. É claro que Deus não anda com uma vara e um cajado em suas mãos, nesse verso Davi novamente usa uma figura de sua experiência como pastor de ovelhas, afirmando que a disciplina de Deus, representada pela vara ou o bordão, serve para o seu bem. Em Hb 12;6 a Palavra diz “...porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe.”, ou seja, Deus como um pai amoroso ou mesmo como um pastor cuidadoso, usa a vara, o açoite, para nos guiar pelos caminhos melhores. Outra afirmação interessante é que mesmo quando as situações da vida fossem ruis ao ponto da morte rodear o caminho da sua vida, ele não temeria, afinal, a mão de Deus o guardaria, o cajado de Deus manteria longe as adversidades que pudessem ameaçá-lo realmente.

         “Será que você está disposto a seguir obedientemente as direções divinas? Ou você age como um animal empacado, teimoso que precisa ser bastante açoitado para ser obediente?”

         Já no verso 5 do Salmo 23, o Rei Davi pede que o Senhor prepare uma mesa para ele. Aqui a idéia apresentada no texto nos faz pensar em um banquete, uma festa prepara por Deus a Davi. Quando preparamos um almoço ou um jantar para alguém é porque queremos honrá-lo, ninguém paga a conta do almoço de alguém de quem não gosta. Nessa parte do texto, Davi quer  se agradado por Deus, ele quer ser honrado por Deus, a festa que vale a pena para ele é aquela promovida pelo Senhor.

         “Será que você está buscando agradar a Deus ou a outras pessoas, para você que honra é a melhor, os títulos e as premiações ganhas ou o valor que vem de Deus?”

         No último verso desta linda poesia de louvor e adoração que o rei Davi escreveu inspirado pelo Espírito de Deus, ele nos apresenta a certeza das dádivas do Senhor em sua vida. Para Davi era certo que a bondade e a misericórdia estariam presentes em todos os dias de sua vida e que a casa de Deus seria o lugar aonde ele se sentiria seguro. O Rei Davi tinha certeza que mesmo em meio ao caos, ou correndo risco a vida, afinal Davi tinha adversários que inclusive tentaram matá-lo, ele sabia que Deus estava com ele e o protegia. Deus era bondoso e misericordioso para com ele, Davi sentia-se cuidado por Deus como uma ovelha nos braços amorosos de um pastor cuidadoso, por causa disto ele agia sempre com bondade e misericórdia ao ponto de tratá-las como companhia certa nas jornadas da sua vida. Jesus nos chama agir deste modo, amar ao próximo com o mesmo amor que recebemos de Deus, no Evangelho segundo Mateus, capitulo 6, Jesus fala de perdoar como temos sido perdoados, e que negar o perdão abre a possibilidade para, da mesma forma não recebermos perdão divino.

         “O perdão ou a bondade e misericórdia tem sido constantes em sua vida? Eu não estou perguntando se a vida tem sido boa e misericordiosa com você, eu estou perguntando se você tem agido com bondade e misericórdia em sua vida? No seu caminhar bondade e misericórdia o tem acompanhado?  Entretanto muito fazem o bem para serem vistos e reconhecimento pelo que fazem, querendo apenas ser honrados e aplaudidos, recebendo prêmios e cumprimentos das autoridades.”


         Por fim muito querem que Deus os abençoe e faça que seus negócios ou sociedades sejam prósperas, mas poucos estão interessados em estar na presença de Deus, muitos querem as bênçãos de Deus, mas poucos querem o Deus das bênçãos.

         “De que lado você está: dos que querem estar na casa de Deus, serem filhos e obedecerem ao Senhor, como Davi diz no final salmo ou dos que querem Deus na sua casa, como um talismã ou uma lâmpada mágica pronta para dar tudo o que você quiser? Afinal, na sua vida quem é o Senhor e quem é o servo? Quem é o pastor? Quem é a Ovelha? Você ou Deus?”

sexta-feira, 23 de julho de 2010

INTIMIDADE COM DEUS

"Quer saber das grandezas desse Deus do impossível, quer conhecer as alianças do Senhor, quer se tornar um amigo de Deus e ter intimidade com Ele?"

Conhecer a Deus, ter intimidade com Ele, deve ser o nosso maior desejo. Compartilhar das muitas bênçãos do Senhor, com certeza, é um privilégio. Mas de acordo com o salmista e rei Davi, esse privilégio é para o grupo especial dos que o temem.

A intimidade do Senhor é para os que o temem,
aos quais Ele dará a conhecer a sua aliança.(Sl 25;14)

Temer a Deus, não é só ter medo dele, esse temor é respeito e reverência ao criador do universo, ao único que é digno de receber todo o louvor e adoração de todo o ser que respiram (Sl 150), e esse respeito e reverência, na pratica, se apresenta em obediência irrestrita, completa e de todo o coração.

Deus se dará a conhecer aqueles que obedecem as suas leis e se dedicam de todas as suas força a viver segundo os seus desígnios e decretos, a esses Ele tem prazer de "se revelar".

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Manifesto Anti-fundamentalista

Fundamentalismo é o nome dado a um movimento que objetiva voltar ao que é considerado princípio fundamental (ou vigente na fundação) da religião, crença, fé ou escola de pensamento. A priori não é algo ruim, e estritamente falando do cristianismo, sendo a única verdade – sinto muito (na verdade, não) nesse ponto sou bem fundamentalista; salvação só em Cristo! – ser fundamentalista, a rigor, ou seja, buscar viver de acordo com os fundamentos do cristianismo, deve ser a nossa única busca.

É importante dizer que, em algum nível, todos somos fundamentalistas (e, nesse caso, digo todos nós seres humanos). O que nos torna diferentes é o que consideramos ser um verdadeiro fundamento e qual é a interpretação inequívoca desse fundamento. Mas isso é especulação da epistemologia e não é o caso deste texto.

Ocorre que meu objetivo com esse manifesto Anti-fundamentalismo, era falar – mal – do fundamentalismo cristão! Mas antes eu me vi obrigado a dar tantas explicações e fazer tantas ressalvas que quase desisti de postar sobre o assunto em si, e mais, estive a ponto de me declarar oficialmente um fundamentalista. Então, para definir bem o alvo desse manifesto (e evitar ser ainda mais longo), direi a quem ele não é dirigido, isso é, meu 'ataque' não vai para quem é teologicamente simples, nem para quem é desconhecedor da disciplina, muito menos para quem apenas repete alguns conceitos (embora que para esse último cabe a crítica a essa fé cega).

Para tanto resolvi postar (com a devida autorização) sob o signo Manisfesto Anti-fundamentalismo, o apêndice B, do excelente artigo produzido por Renato N. Fontes. Creio, pela leitura e rápida conversa que tivemos que nossas visões acerca do tema são semelhantes, e por isso mesmo faço minhas as palavras dele.

Na verdade não há ataque, o que quero mesmo é chamar sua atenção. Será que você é um fundamentalista? Ou melhor, quanto você é fundamentalista? Será que na busca de ser correto, você não tem se 'esquecido' de já ser o que você já sabe que deve ser?

Um olhar crítico [i] sobre a visão de mundo dos fundamentalistas

Examinando a literatura produzida por alguns fundamentalistas, espalhada abundantemente pela internet, podemos dizer que são irmãos em Cristo, apesar dos pesares, e pessoas que levam a sério seu cristianismo – exceto, com certeza, na campanha difamatória que promovem contra quem pensa diferente deles – e que amam a Deus, crendo em todas as doutrinas cristãs essenciais. Seus tratados de teologia sistemática são muito bons, e colocam de forma bem didática os pilares do cristianismo protestante. Ainda assim, são claras suas posições intolerantes para com quem discorda deles em pontos de importância periférica da doutrina, usando abundantemente de falácias – nem sempre intencionalmente ou por maldade, é bom que se diga.

Alguns desses fundamentalistas usam falácias conforme a sua conveniência. A preferida deles, que pode ser vista em quase todos os textos que produzem, é a da "culpa por associação". Essa falácia consiste em associar as pessoas a idéias de outras pessoas apenas por causa de uma simples concordância em outra área qualquer.

Por exemplo[ii]: imaginemos que um espírita kardecista, que, assim como eu, é contra o aborto, faça um abaixo-assinado para que o Congresso Nacional não legitime essa prática, pedindo assinaturas. Eu assino o manifesto. Desta forma, usar a falácia em questão seria dizer que eu defendo idéias do espiritismo só por causa disso.

Outra falácia que usam muito é o argumento ad hominem, que consiste em descartar o conteúdo de qualquer coisa só por causa de alguma falha na pessoa que propôs essa coisa. Por exemplo[iii], procuram destruir a reputação de qualquer um que tenha participado de alguma pesquisa científica que diminua a importância do Texto Recebido – Wescott e Hort são suas vítimas preferidas. Desacreditando a conduta dos dois, acham que assim tudo que foi dito por eles perde o valor.

Infelizmente, não são só as traduções bíblicas as vítimas da visão de mundo dos fundamentalistas. Eles enxergam o mundo sob um prisma eurocêntrico e americanocêntrico, culturalmente falando. Para eles, a Bíblia sanciona a cultura ocidental e todas as outras são demoníacas. Os instrumentos musicais usados pelos africanos, como as tumbadoras e os atabaques, são chamados de "instrumentos mundanos" – fico imaginando se algum fundamentalista acredita que existam "instrumentos celestiais". Não conseguem enxergar que a Europa também já foi completamente pagã, tal como a África. Aliás, a forma como enxergam a cultura é bem peculiar. Condenam, por exemplo, as palmas na liturgia, bem como as harmonias dissonantes e complexas, e qualquer ritmo que sugira dança, aceitando apenas aqueles que soem como "marcha". De onde tiraram tais conclusões, realmente não faço idéia.

Na Bíblia que eles lêem está escrito "celebrai com júbilo ao Senhor" e “louvai-o com tamborins (adufes) e danças”. Mas, ao contrário, eles dizem que canções que usem as emoções não podem ser usadas na liturgia. Segundo eles, "em espírito e em verdade" exclui as emoções - quando, ao contrário, adorar "em espírito e em verdade" é a antítese de várias das restrições impostas pela lei mosaica, como lugar e modo. Adorar em espírito significa adorar com liberdade, inclusive de usar a cultura para glorificar a Deus. Foi Deus que concedeu a capacidade ao homem de criar, de produzir coisas belas e chamar isso de cultura.

Quando a Bíblia diz "ama ao Senhor de todo o teu coração e com todas as tuas forças", isso significa "com tudo que você é e pode fazer", e isso inclui suas emoções – o errado não é senti-las, mas depender delas. A teologia de suprimir as emoções ou qualquer sensação de prazer (inclusive o prazer de se ouvir uma bela melodia), como se isso por si só fosse pecaminoso, veio da filosofia grega, que por sua vez entrou no gnosticismo, que por sua vez contaminou o catolicismo através das práticas ascéticas dos monges. Aí está a ironia, os fundamentalistas, tão anticatólicos, agem como católicos.

Por falar em anticatolicismo, essa é outra característica marcante e incoerente de alguns fundamentalistas. É verdade que o catolicismo distorceu muito do verdadeiro Evangelho com doutrinas estranhas à Bíblia, colocando suas tradições em indevido pé de igualdade com as Escrituras. Por outro lado, vale lembrar que o Protestantismo tem apenas 5 séculos. Antes da Reforma, o cristianismo não estava morto e nem o Espírito Santo estava de férias. A literatura fundamentalista procura, de forma surpreendente e ridícula, distorcendo fatos históricos, mostrar que sempre houve, desde o tempo dos apóstolos, verdadeiros cristãos que não eram católicos.

Acontece que isso não é verdade. Essa teoria pseudo-histórica se tornou popular no início do século XX, através de um panfleto de James Milton Carroll, um pastor batista americano, chamado "Um rastro de sangue" (A trail of blood). James tenta mostrar que os batistas existiam desde o tempo apostólico, sobrevivendo sob diferentes nomes, como "montanistas", "paulicianos" e "valdenses". Se foi ignorância histórica ou farsa deliberada eu não sei, mas o fato é que os montanistas tiveram entre seus membros o teólogo Tertuliano, extremamente legalista e idealizador de, entre outras coisas, a teologia dos pecados "mortais" e "veniais" do catolicismo, além de ter sido o primeiro que se tem notícia a diferenciar os crentes comuns dos "sacerdotes".

Os montanistas eram adeptos de várias práticas heterodoxas, baseados em visões e supostas profecias. Nenhum batista fundamentalista de hoje se identificaria com eles. Os paulicianos eram dualistas, assim como os gnósticos, ou seja, criam em dois deuses, um mau, criador do mundo material, e outro bom. Os valdenses surgiram por volta de 1170, através de Pedro Valdo, que no início era completamente católico. Apenas depois o grupo rompeu com Roma. E mais, não é provado que tenha havido qualquer continuidade entre esses grupos, pelo contrário, são completamente isolados uns dos outros. Em outras palavras, o cristianismo foi preservado, através da Idade Média, pelo catolicismo ortodoxo e romano, quer queiram quer não.

Foram os cristãos dessas igrejas, ainda que de forma imperfeita, que preservaram a fé cristã, apesar de todas as falsas doutrinas acrescentadas ao Evangelho. Para os fundamentalistas, qualquer autor protestante que se atreva a citar um autor católico é execrado. Não é de se admirar que a literatura fundamentalista jogue lama em homens de Deus como Billy Graham, C. S. Lewis e Philip Yancey, apenas pelo “crime” de citarem autores católicos com freqüência. Essa é uma incoerência surpreendente, já que Lutero e Calvino beberam profusamente da fonte de Agostinho de Hipona e vários outros católicos.

Outra característica marcante de alguns fundamentalistas ainda mais radicais é que não conhecem muito bem o significado da palavra "graça". São eles que brandem energicamente cartazes com palavras de ódio do tipo "vocês vão queimar no inferno" sempre que acontece uma parada gay, mas nunca se dispõem a amar essas pessoas, ouvi-las e serem suas amigas. É verdade, os que perecem sem Cristo e não estão dispostos a abandonar o pecado vão sim queimar no inferno, foi o que Jesus disse. Porém, a mensagem de Jesus consiste primeiro em amar as pessoas - você nunca vai poder falar em inferno para alguém que você não ama, para alguém que nunca comeu uma refeição junto com você e nunca foi seu amigo, para alguém que você não se importa com seus problemas.

Para esses fundamentalistas, por outro lado, que proveito há em ser amigo de um "sodomita"? É muito fácil demonstrar ódio assim, quando são os outros. E quando um filho de um fundamentalista não consegue orientar seu instinto sexual da forma bíblica[iv] e só sente desejo por pessoas do mesmo sexo? Como é que eles reagem? Gostaria de saber também. Não vai ser com cartazes carregados de ódio, praticamente comemorando a condenação eterna dessas pessoas, dançando alegres sobre as cinzas de Sodoma, que essas pessoas serão ganhas para Cristo.

Não bastasse isso tudo, os fundamentalistas amam as teorias conspiratórias. A internet está farta de material que afirma, entre várias coisas, que os jesuítas seriam culpados por todos os conflitos da humanidade nos últimos 500 anos, que o papa de verdade é um joguete nas mãos do líder dos jesuítas, chamado pelos fundamentalistas de "papa negro". Não é só a suposta conspiração para destruir a integridade da Bíblia que eles acreditam, infelizmente, são muitas outras as "fábulas profanas e de velhas caducas" (I Tm 4:17). Tudo para a vergonha do Evangelho que eles dizem defender.

Qualquer um que já tenha lidado com pessoas que acreditam em teorias conspiratórias sabe que elas são difíceis de se convencer. Tente conversar com um marxista fanático, por exemplo, e tentar convencê-lo de que a luta de classes e o capitalismo não são a causa de todos os males da humanidade...

Voltando às velhas falácias ad hominem e da “culpa por associação”, os fundamentalistas detestam que se defenda o meio ambiente. Afinal, quem mais defende a preservação do planeta para as gerações futuras, hoje, são justamente os esotéricos e os mesmos que defendem o aborto e os direitos dos homossexuais. Assim, se você tentar convencer um fundamentalista a colaborar com a diminuição do aquecimento global, eles vão dizer que isso é coisa de “esquerdista liberal”.

Além do mais, sua escatologia é toda baseada em “interpretar os sinais da vinda de Jesus”, e, afinal, “se Jesus está voltando, para que eu vou melhorar este planeta?” Mais uma vez se vê a falta de coerência – se Jesus está voltando e todos nós vamos morrer um dia, por que os mesmos fundamentalistas não entopem suas artérias de colesterol, abusando de uma alimentação pouco equilibrada? Ah, nosso corpo é templo do Espírito Santo? Sei...

Acontece que a terra é o “estrado de Seus pés”, segundo Jesus. Deus colocou o homem no jardim e ordenou que cuidasse de toda a criação, dando nomes aos animais, e não que a destruísse. Não consta que essa ordem tenha sido revogada com a Queda, ainda que o Jardim não exista mais. Basta ler o salmo 8, que afirma expressamente que Deus colocou o homem acima de todos os seres criados.

Afinal, que qualidade de ar nossos filhos vão respirar? Quem é você, oh fundamentalista, para marcar a data da vinda de Cristo, como se fosse certo que ela fosse acontecer em menos de uma ou duas gerações? Enquanto o Corpo de Cristo não faz nada, infelizmente são os “esquerdistas liberais” que estão defendendo[v] o meio ambiente, atitude essa que faz parte do amor ao próximo que a Bíblia dos fundamentalistas ordena.

Já que falamos de criação e meio ambiente, os fundamentalistas são extremamente literalistas na sua leitura do Gênesis. Refiro-me à crença de que, contrário a tudo que se pode mostrar como evidência científica de que esta terra foi criada há alguns bilhões de anos, os fundamentalistas insistem em dizer que a terra é uma “jovem” de apenas 6.000 anos. Até aí tudo bem, afinal essa leitura de Gênesis 1 não é necessariamente conclusiva e pode dar a entender isso, apesar das evidências científicas.

Além do mais, tenho vários amigos que não são fundamentalistas e também pensam assim. O problema é que, para os fundamentalistas, se você não crê numa terra jovem, você é liberal e está solapando uma doutrina central do cristianismo. Se você ventilar a possibilidade do dilúvio não ter sido nos cinco continentes, então... Só para efeito de esclarecimento, Gênesis 1 utiliza linguagem poética, fazendo uso do paralelismo da poesia hebraica – basta notar a repetição de algumas expressões. Na linguagem poética, é comum usar várias expressões com sentido figurado, inclusive “dia”, “tarde” e “manhã”.

Você pode sim ser um cristão fiel e aceitar que a terra tem alguns bilhões de anos. E mais, quando Gênesis diz que o dilúvio destruiu toda a terra, não necessariamente se referia ao planeta, mas possivelmente à terra habitável pelos homens na época – afinal, colocar todos os animais dos cinco continentes dentro de uma arca de pouco mais de cem metros de comprimento é um pouco complicado, embora eu saiba que Deus é poderoso para fazer isso e muito mais.

Dentro da mesma lógica distorcida que os impede de defender o meio ambiente, os fundamentalistas não admitem que a Igreja do Senhor se envolva na luta pelos direitos humanos, no combate ao aborto e na pressão sobre os governantes para que haja leis mais justas. Tampouco admitem que os crentes se envolvam em obras sociais. É verdade, existe o tal “evangelho social”, que reduz a mensagem de Cristo apenas à satisfação das necessidades materiais e ignora a parte mais importante, que é a redenção e o perdão dos pecados.

Por outro lado, mesmo que o evangelho social seja uma distorção, ainda assim pregar contra a injustiça social é amar o próximo, mandamento bíblico. Os profetas pregaram contra a opressão aos órfãos, viúvas e pobres, e devemos sim fazer o mesmo. Cristo vai elogiar as ovelhas, conforme Mateus 25, por alimentarem os famintos e darem água aos sedentos, além de vestir os necessitados e visitarem os prisioneiros. Os fundamentalistas, lamentavelmente, passam uma “tesoura dispensacionalista” nessas passagens. Por que não passam a mesma tesoura sobre o mandamento de dar a vida pelo próximo, por questão de coerência?

Em resumo, não creio serem os fundamentalistas pessoas mal-intencionadas, ao contrário do que eles dizem dos tradutores das versões modernas, mas com certeza são cegos guias de cegos, que pregam fábulas profanas e de velhas caducas (I Timóteo 4:17).
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[i] Este apêndice não tem o propósito de denegrir a imagem de quem quer que seja. Desta forma, não serão citados nomes nem textos específicos. O que será analisado, de forma crítica, será a visão de mundo fundamentalista, por acreditar eu que a forma como as pessoas entendem cada aspecto da vida ajuda a entender o propósito de suas palavras e ações. Muitas vezes, no entanto, as pessoas agem de forma incoerente. Acreditam, por exemplo, que a honestidade é uma virtude, mas distorcem os fatos conforme a sua conveniência. Acreditam na imparcialidade, mas agem com parcialidade. Acreditam na justiça, mas muitas vezes usam pesos e medidas diferentes. Todo ser humano (inclusive eu), vez por outra, comete esse tipo de erro, uma vez que nossa natureza é caída e manchada pelo pecado.

[ii] A literatura fundamentalista está repleta dessa falácia, especialmente contra os artistas de rock cristão e contra os tradutores das versões modernas da Bíblia. Podemos citar dois exemplos de como isso ocorre. Um determinado artista cristão cantou uma música dos Beatles numa apresentação. Os Beatles, por sua vez, gostavam de religiões orientais, pregavam a rebeldia e outras coisas. Pronto, o artista em questão virou um adepto da rebeldia e das religiões orientais, provando assim que o estilo musical que ele canta é demoníaco. O problema é que esses fundamentalistas nunca têm a honestidade de mencionar que Paulo citou autores pagãos em pelo menos duas ocasiões (por exemplo, "as más conversações corrompem os bons costumes") e que Lutero usou músicas do folclore alemão, muitas vezes cantadas em tavernas, e colocou nelas letras cristãs. Outro exemplo é que a editora que publica a NIV nos EUA pertence a uma outra, que por sua vez tem uma subsidiária que publicou a chamada "Bíblia Satânica". Pronto, está feita a associação indevida. Mais uma vez eles não são honestos ao colocar todos os fatos: vi, uma vez, na mesma prateleira de uma livraria, a Bíblia ACF (Almeida Corrigida Fiel), que eles tanto veneram, e uma revista pornográfica, quase lado a lado. Será que seria honesto da minha parte usar a mesma falácia contra a ACF? Ou não seria mais verdadeiro admitir que, tanto a livraria quanto a editora, são empresas que visam o lucro e não se importam com o conteúdo do que vendem, e só se interessam pelo dinheiro? A editora não é responsável pelo conteúdo, mas pela venda. Só que isso os fundamentalistas nunca contam.

[iii] Além disso, dizem que a NIV em inglês defende o homossexualismo porque, supostamente, havia dois "homossexuais depravados" (palavras dos próprios fundamentalistas) na equipe daquela tradução. É decepcionante como eles usam dois pesos e duas medidas, não usando os mesmos critérios para as traduções que eles veneram. Será que eles sabem quantos "gananciosos depravados" havia na equipe que produziu a KJV? Ou quantos "gulosos depravados"? Ou até mesmo quantos "homossexuais depravados" – será que eles pesquisaram a preferência sexual de todos os tradutores da KJV? Aliás, por que apenas os homossexuais são depravados e os que cometem outros pecados não o são?

[iv]Isso é, relação sexual entre um homem e uma mulher, exclusivamente "dentro" do casamento.

[v]Embora caiba críticas a esse “cuidado” a exemplo do recente incidente envolvendo alguns ativistas e o estado de Israel, quase não há ação ecológica associadas a entidades cristãs, e se você nega que o mundo está em colapso, você se encaixa na descrição do texto. (nota escrica por mim)


obs.: Sugeri algumas pequeníssimas alterações em alguns termos do texto original (acessar texto original), especialmente para o leitor deste blog. Essas alterações estarão grafadas em itálico e se houver alguma discrepância ou erro nessas palavras atribuam-no a mim.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Sinceros, mas enganados!

O único Caminho:
postado originalmente em 26 de fevereiro de 2010

Como filho desta geração, nascido nesse caldeirão de misticismo travestido de piedade, eu vi muita coisa acontecer: o dente de ouro, o cair no espírito, a unção do riso ou do choro, os encontros... “é tremendo”. Depois descobri que isso tudo tinha acontecido 20 ou 30 anos atrás, em outros lugares do mundo, e como aqui pouco tempo depois, esses que foram ungidos, que receberam o poder, estavam, se não pior, do mesmo jeito que antes, e buscavam novas unções para si. Reafirmo: esses movimentos não me impressionam, se isso é do Espírito, devo admitir que o “Espírito” está atrasado.

Essas práticas “novas” – já não tão novas assim – esses costumes diferentes, esse misticismo, essa necessidade pelo novo, inusitado, essa absorção de elementos heterodoxos nas igrejas, me lembraram uma das muitas experiências vividas por Israel durante os 40 anos de peregrinação no deserto, registradas no Livro do Êxodo, no cap. 32; 1 a 6:

"Mas, vendo o povo que Moisés tardava em descer do monte, acercou-se de Arão e lhe disse: Levanta-te, faze-nos deuses que vão adiante de nós; pois, quanto a este Moisés, o homem que nos tirou do Egito, não sabemos o que lhe terá sucedido. Disse-lhes Arão: Tirai as argolas de ouro das orelhas de vossas mulheres, vossos filhos e vossas filhas e trazei-mas. Então, todo o povo tirou das orelhas as argolas e as trouxe a Arão. Este, recebendo-as das suas mãos, trabalhou o ouro com buril e fez dele um bezerro fundido. Então, disseram: São estes, ó Israel, os teus deuses, que te tiraram da terra do Egito. Arão, vendo isso, edificou um altar diante dele e, apregoando, disse: Amanhã, será festa ao SENHOR. No dia seguinte, madrugaram, e ofereceram holocaustos, e trouxeram ofertas pacíficas; e o povo assentou-se para comer e beber e levantou-se para divertir-se. "

Moises subiu ao monte Sinai e passou ali 40 dias, durante os quais Deus escreveu com o próprio dedo nas tábuas de pedra as Palavras da Aliança. Mas o que chama a atenção nessa passagem, é a volição do povo de Israel. Bastaram 40 dias, a ausência de Moisés, e o povo perverteu o coração. Esse povo se sentia abandonado, então corre atrás do sacerdote que, pressionado, cede ao pedido multidão: “faça-nos um deus que vá adiante de nós”. Sem ter coragem de dizer não, Arão pede todo ouro para trabalhar em prol desse projeto. Surpreendentemente o povo pega todo o ouro que possuía, unidos como um só e ofertam para esse deus. Um detalhe ainda mais surpreendente é que ao término da fundição do bezerro, Arão não só faz um altar na frente dele como, também, conclama festa santa ao Senhor.

É preciso compreender quem era esse povo. Eles conheciam bem a Deus. Eles viram as 10 pragas; passaram a pés secos pelo Mar Vermelho; comeram o maná e as codornizes enviados por Deus; beberam água da rocha em Refidim; em batalha, venceram aos amalequitas e no pé do Sinai, eles receberam do Próprio Deus, os 10 mandamentos. De dia, a presença do Senhor os conduzia na jornada pelo deserto com uma coluna de nuvens os protegendo do sol escaldante; à noite a proteção e direcionamento vinham da coluna de fogo que aquecia e iluminava a fria escuridão.

Esse povo tinha grandes experiências sobrenaturais com Deus. Ele era o povo escolhido, era para eles que Deus se revelava. Mas essas experiências sobrenaturais não foram acompanhadas de obediência à palavra de Deus. Talvez, é aqui que a Igreja da atualidade mais se parece com Israel. Nós também queremos mais, e este mais é quase sempre dissociado de real devoção e obediência a Deus. Assim como era para eles, nós também temos a revelação de Deus. Só que para nós, ao contrário do que muitos pensam, Deus está mais próximo. O advento de Jesus, sua morte vicária, substitutiva, nos religou a Deus. Ou seja, tudo o que Israel esperava, para nós é algo concreto, realizado. Mas não é só isso, para que a Palavra de Deus chegasse às mãos de Israel foram necessários 40 dias e as tábuas de pedra. Para nós, em contrapartida, é só abrirmos a Bíblia, bonita, pequena ou grande, de vários modelos, acessível praticamente a todos. Mas mesmo assim queremos mais.

É aí que mora o perigo. O povo sabia onde estava Moises, e parte da vontade de Deus já havia sido claramente revelada. Mas eles tinham necessidades, precisavam de um deus que os atendesse, um deus presente, “próximo”, mais simples, mais fácil. Para atender a necessidade do povo, que pedia “mostra-nos Deus”, Arão faz um bezerro de ouro. O povo não queria outro deus. Na passagem, na maioria das traduções a expressão é: “faze-nos deuses que vão adiante de nós”, mas no original hebraico o termo traduzido por deuses é Elohin, a mesma expressão usada para descrever o Criador em Gn 1;1. E o que foi traduzido como “faze-nos” pode ser facilmente entendido como “mostra-nos”. Aqui percebe-se onde o povo errou. Deus, o único, é quem dita as regras. É ele quem se revela, não adianta o povo insistir, é Deus que coordena as agendas, como um rei, é ele quem controla os encontros e audiências. Não que o povo estivesse realmente abandonado ou perdido. As narrativas anteriores mostram que os anciãos e todo povo é chamado para congregar com Deus. Mas esse mesmo povo que pergunta a Arão: “Onde está Deus?”- Amedrontado, não quer ouvir diretamente a Deus, e prefere que Moisés seja o intermediário (Ex 20;19). É assim conosco também, a igreja do nosso tempo é uma igreja que não quer ouvir a voz de Deus que fala nas Escrituras. Corremos atrás de um modo mais fácil, mais acessível, mais simples e controlável. Queremos intérpretes, mestres, ungidos que nos mostrem Deus. 

Erguemos nossos altares diante da imagem que fazemos ou que fazem de Deus para nós. Essa imagem não é, necessariamente, de gesso, de barro ou de ouro, mas sim qualquer simplificação, ou seja, qualquer intenção de minimizar Deus destacando uma ou outra de suas características, em detrimento da plenitude de seu próprio Ser. Buscamos o Deus que cura, ou que liberta, ou que faz prosperar. Achegamo-nos a ele e o cultuamos na expectativa de recebermos suas dádivas. É nesse momento que nos distanciamos da vontade de Deus, e, como no caso de Israel, podemos nos tornar idólatras.

Bastou apenas um pequeno desvio, um errinho simples – lembre-se aquele bezerro era tão somente a representação de IAVEH, o Deus que os tinha tirado do Egito – e o povo claramente quebrou o 2º mandamento. Talvez toda essa história, à primeira vista, não tenha muita relação com as nossas experiências. Mas, assim como Israel tropeçou e caiu na idolatria, nós também, se não prestarmos atenção, nos tornaremos idólatras e estaremos passíveis da mesma condenação. A sinceridade de Israel nessa passagem não é questionável. A idolatria deles não está em quererem outro deus, mas em fazer para si uma imagem do Deus libertador. O bezerro era a figura de um dos deuses egípcios. O que Israel fez foi misturar o que foi revelado (Ex 20) com o que era cultural. Tal mistura produziu idolatria. 

Não é diferente para nós. Buscamos um relacionamento com esse deus fragmentado, pequeno, controlável – eu sirvo a Deus do meu jeito, dizem – Queremos o poder de cura ou o de libertação, e queremos do nosso jeito, no nosso tempo, e forçamos uma interação com a divindade: “eu determino...”, “receba, receba...”, “Deus vai opera hoje aqui, você crê?” Não estamos dispostos a obedecer à voz do Único Deus soberano, o Deus Revelado, de quem, com reverência e santo temor, devemos nos aproximar de acordo com suas próprias orientações. Misturamos o Deus da Bíblia, com conceitos culturais, pensamentos filosóficos ou afirmações cientificistas; a “onda” é interpretar a Bíblia e o Deus da Bíblia a partir do sentimento, para isso usam até a “física quântica”. Não se engane isso é espiritismo barato, que se apropria de teorias científicas para introduzir valores e conceitos fora da Bíblia, diminuído Deus, é exaltando o homem e sua pretensa decisão ou liberdade. 

Cuidado! Erros sutis provocam grandes desgraças, introduzir uma mentira para fazer a verdade ser mais facilmente aceita, é sacrificar a ídolos! É trazer fogo estranho ao altar! A condenação é certa, e o castigo de Deus é duro. A desobediência leva à morte, só nessa ocasião cerca de 3000 homens foram mortos por ordem de Moisés (Êxodos 32;28). Nadabe e Abiú, filhos de Arão, morreram porque fizeram o que Deus não tinha ordenado (LV 10;1 e 2). Uzá morreu junto a Arca da Aliança, pois por zelo, tentando impedi-la de cair, tocou na Arca, e isso era proibido (2 Sm 6;6 a 8).

Sinceridade não é sinônimo de verdadeira adoração, Jesus afirma que os samaritanos cultuavam a Deus no monte Gerizim (Jo 4;22), mas sem conhecimento da vontade de Deus, esse culto era tão condenável quanto a hipócrita observância das leis do templo pelos judeus. As pessoas podem estar sinceramente enganadas, e isso não as fará menos enganadas. É o conhecimento da Verdade que liberta (Jo 8;32) e não a sinceridade que nos torna aceitáveis.

Por fim, a omissão é igualmente culpada, Arão foi responsabilizado pelo desvio do povo, e só não morreu pela intercessão de Moises (Dt 9;20). Tolerar o erro, não é o mesmo que amar o irmão que erra. Somos chamados, vocacionados, capacitados pelo Senhor, com dons (Ef 4;7) para ensinar – trazer conhecimento da Verdade que liberta – com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado (Ef 4;12) e não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro (Ef 4;14). Será que estamos atentos a isso (2Pe 3:17)? Estamos conferindo nossa rota no mapa que é a Bíblia (2Jo 1;9)? Será que o nosso culto é feito como Deus nos instruiu (Jo 14;21,Hb 11;6, 1Co 11:23)? Ou temos trazido elementos do Egito (Lc 21;34)? É fogo estranho que temos em nossos púlpitos (2Pe 2:1)? Ou o martelo que esmiúça a penha, o fogo consumidor (Jr 23;29), a Verdade que liberta (Jo 8;32), a Palavra de Deus que é apta para discernir as intenções do coração humano (Hb 4;12)?

Em Cristo,
Esli Soares

p.s. O texto foi escrito para ser publicado como comentário ao meu texto no link: http://ricardomamedes.blogspot.com/2010/02/recado-do-ungido-recado-recebido.html, ocorre que o Ricardo (meu irmão em Cristo, um grande amigo e incentivador) resolveu publicá-lo em seu blog. Aprouve republicá-lo agora.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Sola Scripturae! Quae Scripturae?

Versões Bíblicas:
por Isaías Lobão Junior em 22 de dezembro de 2008


Existem muitas versões da Bíblia em português. Quem visita uma boa livraria evangélica pode conferir o que estou dizendo. Bíblias de vários tamanhos, formatos e versões. Porém, alguns cristãos não acreditam que essa diversidade seja benéfica. Muitos crentes sinceros defendem a primazia de uma versão bíblica sobre as outras com o argumento que as preferências textuais das novas versões enfraquecem a fé cristã.

Grande parte desses irmãos importou uma discussão teológica anglo-americana para nosso país. Lá existe um debate acirrado entre dos defensores da (boa, mas não infalivel) Authorized King James Version (1611) e os defensores das modernas versões, tais como American Standard Version (1901), New International Version (1978) e a English Standard Version (2001).

Entre nós a versão defendida como sendo a “única versão autorizada” é a versão de Almeida conhecida como Almeida Corrigida Fiel (ACF) publicada pela Sociedade Bíblica Trinitariana. Porém, eu entendo que a inspiração bíblica diz respeito aos autográfos, os quais pela providência de Deus, pode-se determinar com grande exatidão a partir de manuscritos disponíveis. A minha opinião é que não existe uma tradução "autorizada". As diversas versões bíblicas são a Palavra de Deus, como é dito na Declração de Chicago, na medida em que fielmente representam o original.

A sábia Confissão de Fé de Westminster afirma o seguinte:
Capítulo I. Da Sagrada Escritura. Parágrafo VIII. O Velho Testamento em Hebraico
(língua vulgar do antigo povo de Deus) e o Novo Testamento em Grego (a língua
mais geralmente conhecida entre as nações no tempo em que ele foi escrito),
sendo inspirados imediatamente por Deus e pelo seu singular cuidado e
providência conservados puros em todos os séculos, são por isso autênticos e
assim em todas as controvérsias religiosas a Igreja deve apelar para eles como
para um supremo tribunal.

A Declaração de Chicago sobre Inerrância da Bíblia afirma o seguinte no artigo X:
Afirmamos que, estritamente falando, a inspiração diz respeito somente ao texto
autográfico das Escrituras, o qual, pela providência de Deus, pode-se determinar
com grande exatidão a partir de manuscritos disponíveis. Afirmamos ainda mais
que as cópias e traduções das Escrituras são a Palavra de Deus na medida em que
fielmente representam o original.
Além de tudo isso, não há uma passagem na Bíblia que me diz que somente uma tradução é a correta. Não encontro uma passagem bíblica que me diz que a Bíblia Almeida Corrigida Fiel (ACF) é a melhor ou é a única Bíblia "santa". Não existe nenhum verso que me diz como Deus preservará sua palavra, assim como não existe nenhuma autorização bíblica para afirmar qual versão é a verdadeira. Os argumentos devem ser fundamentados na crítica textual e na história da transmissão do texto.

Os estudiosos bíblicos desenvolveram através dos anos, certos critérios, buscando refazer os caminhos que um texto tomou até chegar a suas mãos. Este estudo é chamado de crítica textual. “A crítica textual não se interessa pelo sentido do texto, não é análise literária do texto ou coisa semelhante. Apenas procura verificar a confiabilidade das cópias do texto que chegaram até nós e reconstituir o texto na sua forma mais confiável” [1].

Para a reconstituição do texto original as variantes textuais devem ser julgadas dentro de três critérios:

1) O critério das evidências externas: As evidências externas são os manuscritos mais antigos e confiáveis atestados por diversos testemunhos, tais como, as citações dos Pais da Igreja, antigas versões, lecionários, outras famílias de manuscritos e a distribuição geográfica dos textos.

2) O critério probabilidade intrínseca: Este critério está baseado no estilo e vocabulário do autor através de cada livro e na teologia conhecida do autor nas passagens paralelas em outros livros.

3) O critério da probabilidade de transcrição: Ao analisar as variantes pela forma como eram transmitidos os textos antigos, chega-se aos seguintes critérios.

          a. A leitura mais difícil deve ser preferida, porque a tendência dos copistas era de facilitar a leitura.
          b. A diferença nas passagens paralelas, este critério é usado especialmente nos evangelhos. Porque a  tendência dos copistas era de harmonizar as passagens paralelas.
          c. A leitura mais curta sempre é preferível, porque a tendência dos copistas era de acrescentar detalhes.
          d. Deve-se escolher a variante que melhor se harmonize com o livro em questão.      
          e. Deve-se escolher a leitura que melhor explique a origem das outras variantes textuais.

A partir destes critérios, vamos analisar os argumentos que defendem a preferência que alguns irmãos fazem pela ACF. texto grego usado pela ACF é conhecido como Textus Receptus. É o texto do Novo Testamento representado pela terceira edição de Stephanus, de 1550, embora a expressão só houvesse surgido com Elzevir, em 1633. Em sua maior parte, esse texto grego é baseado em meia dúzia de manuscritos muito tardios (nenhum deles mais antigo do que o século XII d.C).

O chamado Texto Crítico foi usado na revisão da obra de Almeida conhecida como Revista e Atualizada e também foi utilizado na maioria das outras versões, como NVI, NTLH, entre outras. Ele é formado pelos cinco maiores MSS Unciais (conhecido por suas letras, Aleph, A, B, C, D), todos eles datados do quarto ou quinto século, como também as antigas versões e evidências patrísticas. Dois MSS em particular, B e Aleph, são muito importantes. Ambos vieram do quarto século.

Quais são os argumentos que confirmam a tese que o Texto Crítico é melhor do que o Textus Receptus? Apresento aqui três argumentos,[2] que considero conclusivos para a aceitação do Texto Crítico:

1) O Texto Bizantino (isto é, o grupo de MSS gregos por trás do Textus Receptus) não foi citado por qualquer Pai da Igreja antes de 325 d.C., enquanto que o Texto Alexandrino estava amplamente representado antes daquele período.

2) Em diversas partes, foi demonstrado que o Texto Bizantino era dependente de duas tradições antigas, o Alexandrino e Ocidental. Os primeiros editores do Texto Bizantino combinaram, o teor do Alexandrino e tradições Ocidentais. Segundo alguns, o Alexandrino combinou leituras Ocidentais e Bizantinas, porém, isso não poderia ser demonstrada a dependência do Alexandrino com as leituras Ocidentais e Bizantinas.

3) O Texto Bizantino, em exame mais íntimo, demonstrou ser inferior em seu teor, com a tendência de adicionar ou esclarecer passagens.

Uma forma de ilustrar o que estou dizendo é a análise de I João 5.7-8, a famosa Comma Johanneum. Segundo a NVI: “Há três que dão testemunho: o Espírito, a água e o sangue; e os três são unânimes.” O Textus Receptus acrescenta um longo trecho, aqui traduzido segundo a versão ACF: “Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e estes três são um. E três são os que testificam na terra: o Espírito, e a água e o sangue; e estes três concordam num.”

Acredito que esse adendo é espúrio e não deveria constar em nenhuma versão da Bíblia. Várias razões sustentam minha posição. (1) Esta passagem não é encontrada em nenhum manuscrito grego antigo, exceto em oito manuscritos tardios, datados em sua maioria do décimo-sexto século! (2) A passagem não é citada por nenhum dos antigos Pais Gregos, que certamente a teriam usado nas controvérsias trinitarianas com os sabelianos e arianos. (3) Esta passagem também nunca foi encontrada nos manuscritos das antigas versões (siríaca, copta, armênia, etiópica, árabe ou eslavônica).[3]

Portanto, eu entendo que defender a ACF como a única versão verdadeira é uma falácia. Acredito que as diversas versões evangélicas da Bíblia são importantes auxílios para o entendimento correto da mensagem da salvação em Cristo. Não creio que ninguém possa medir a ortodoxia de um crente apenas pela versão bíblica que ele usa.

Se você quiser ampliar seus conhecimentos nessa área específica sugiro a leitura de um artigo que analisa mais profundamente esta questão. Ele foi escrito pelo Renato Fontes e está hospedado no site Monergismo. Veja aqui.

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[1] KONINGS, Johan. A Bíblia, sua história e leitura: uma introdução. p.236

[2] Os argumentos foram baseados em: WALLACE, Daniel B. The Conspiracy Behind the New Bible Translations. In: http://www.bible.org/page.asp?page_id=706.

[3] METZGER, Bruce M. A Textual Commentary on the New Testament (2nd edition), pp. 647-648.

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Obs.:Esse texto demostra parte das minhas convicções acerca da doutrina das Sagradas Escrituras, ainda na "pretenção" de atender a (minha) necessidade de definições mais claras.

Um outro material interessantíssimo pode ser visto aqui, trata-se de um trabalho apresentado pelo, então aluno, Isaías Lobão Junior, como texto exigido para a matéria de História das Religiões, na Universidade de Brasília. Posteriormente foi apresentado em forma de palestra no encontro da CEHILA (Comissão de História da Igreja na América Latina) entidade que coordena historiadores e pesquisadores interessados na história eclesiástica em nosso continente.

O texto foi levemente alterado.