sábado, 23 de outubro de 2010

A Política e o Reino

Como é de costume, o presbítero Solano Portela tem escrito excelentes textos, e através do blog O Tempora! O Mores!, juntamente com os também profícuos reverendos Augustus Nicodemus e Mauro Meister (que nomes mais sugestivos, não?!) tem nos brindado com pérolas. No recente texto sobre o termo governo, fui suscitado a comentar sobre o assunto, mas o texto ficou grande e achei por bem postar aqui ao invés de tomar linhas dos comentários (parte esta lá!). Estou, também, numa conversa em outro blog (do Jorge Isah o KALAMOS) onde, fugindo do debate binário do pleito atual, conversamos sobre as idéias de Marx e o envolvimento de cristão nelas. É desses fantásticos blogs e das conversas com esses excelentes escritores (e aqui acrescento o Ricardo Manedes, o André Venâncio e a Norma Braga) que vem esse texto.
Antes de qualquer coisa
          Ao concluir o excelente artigo Afinal, quando começou e para que serve o governo?, o Solano (permita-me a intimidade) enfatizou, especificamente no ponto e, questões chaves e pragmáticas da ação (ou da não-ação) do governo:
Para quê serve o governo? Para muito pouco, mas esse pouco é essencial. Serve para garantir a nossa segurança e para reconhecer os cidadãos de bem (Rm 13.1-7), dando-lhes oportunidades iguais de desenvolverem as suas desigualdades. Não serve para administrar empresas. Não serve como mero provedor de empregos sem critérios de eficiência. Não serve como supridor de assistencialismo perene, que gera dependência e tira a iniciativa. Não serve como base de ganho pessoal ilícito aos governantes. Não serve como instrumento de tirania, moral ou física. Não serve para estabelecer ou legislar o certo e o errado (mas deve SE REGER pelo certo, e não pelo erro). Não serve para tomar o lugar da família e postular como esta deve criar e NÃO disciplinar os filhos. Não serve para alterar parâmetros biológicos e para inventar casamentos entre os incapazes para tal. Não serve para abrigar assassinato de infantes. Não serve para o gigantismo que gera opressão e tirania (mas deve se enquadrar em suas limitações, dando espaço para os cidadãos respirarem livremente). Ou seja, não serve para a maioria das áreas que usurparam o foco e a área de concentração legítima – garantir nossa liberdade!”
         
          Acho até que faltou: “não serve para cobrar impostos, sob o pretexto de distribuir renda”. Entretanto não podemos a título de renegar esses ideais marxistas – que ele magistralmente expôs pelo reverso (ponto e, da conclusão) – se esquecer (cada um de nós) do social e da promoção do bem – sem entrar no mérito eclesiástico! Existem algumas coisas que podemos chamar de similares entre Cristo e Marx, que não são ideais exclusivos de Marx (outros sistemas politico-econômico também os desenvolve – e eu desconfio que de forma bem melhor), por exemplo: a busca pelo bem social (nem vou entrar no mérito da realidade – i.é., se em algum país marxista/comunista/socialista realmente fez algum bem para a população).
 
          Um sistema que se estabelece (cresce e permite-se) na opressão dos mais pobres pelos mais ricos, não está certo (o contrário, tanto quanto)! Devemos lutar (nós os cristãos) pelos direitos iguais, pela liberdade e legalidade, dentre outras coisas, sabendo que nenhum homem (rei, monarca, xeique, presidente) é maior que os outros, não cabendo, submissão desses àquele como se fosse a um deus; e nem uma instituição (Igreja, partido, ideologia, ou mesmo a sociedade – a maioria: 50% + 1), como se essa fosse o único meio de Deus agir (bondade, justiça, liberdade – atributos divinos comunicados) e promover sua vontade.
 
          Entretanto não podemos misturar algumas idéias, como por exemplo: Comunidade com comunismo; Social com socialismo e principalmente tentar fazer o bem com marxismo. Isso realmente é um crime! O marxismo, é extremamente humanista, realmente tenta por meios distintos (re)construir um paraíso aqui, claro, distante e contrário a Deus. É uma cópia[1] mal-acabada, mal-pensada e mal-executada do Cristianismo (citando o Jorge). Na realidade essa cópia não é cópia, é saudade! Saudade que “grita” em nós (natureza humana) pelo Éden (o Agostinho falava de sensus divinatus).
 
          Os homens, porque cegos (incapazes de ver a Verdade - Jo18;33 a 38), tateiam, procurando na escuridão de seus próprios corações por algo que preencha esse vazio (ou saudade), como não encontram, enganam-se a si mesmos, e tentando na obstrução da Verdade (que impõe – ou anuncia – a condenação eterna – Jo 16;7 a 11) ou no legalismo[2] erguer o mundo do caos (desfragmentação e falta de sentido) em que se encontra. É daí que surgem as ideologias humanas (todo tipo de perversão, seja as sexuais – promiscuidade ou ascetismo – seja as sociais como o absolutismo monárquico para ficar num só exemplo, ou, óbvio, as religiosas). A própria Política é um conceito filosófico que agrupa as especulações produzidas por essa necessidade de ordem e sentido social.
 
          É óbvio que, para o cristão-marxista (ou marxista-cristão) algum dos 2 pensamentos (cristão ou marxista) vai ser relegado, ignorado, desprezado, no que são divergentes e – diga-se de passagem – são muitas coisas! De fato um cristão verdadeiro não é – e nem pode ser – um marxista, comunista, socialista. Ou ele é um cristão autentico confundido com um comunista porque na nossa sociedade pervertida e egoísta, alguns vêem nele algo de preocupação com o próximo – ação minimamente esperada de um cristão – e por terem seus corações corrompidos não podem aceitar o fato de que isso é algo bom e sem interesses secundários, ou ele é um marxista que por conveniencia (esperteza ou ingnorância) se juntou aos cristãos, ou ainda alguém que não considerou as divergencias existentes entre os ideais e vive sem a devida reflexão, coisa extremamente comum na atual fase da cristandade.

Mas política é coisa da Bíblia?
          Sim, e muito! E só há debate político por conta de Deus ser em sua essência político (político no sentido de ser um articulador que age sobre princípios, que conhecemos por sua Revelação – ou comunicação desses). Essa é maior ironia do Política e seu sistema antropocêntrico. Deus o único que podia impor e ditar (ditadura é um jeito de fazer política) por ser verdadeiramente o único Soberano, o verdadeiramente Livre, o Absoluto, não o faz[3] – me refiro ao fato de Deus nos dar a consciência, ou responsabilidade moral, e chamar o homem a agir através dela, i.e não estou defendendo a heresia liberdade efetiva do homem, também chamada de livre-arbítrio – antes, Ele é empurrado para o lado e sua Palavra, o paradigma para a vida (Dt 8;3, 2Tm 3, 16 a 18), é conjuntamente ignorado, e mais, é chamada de antiquada, machista, intolerante e inútil.
 
          Ora se o amor dEle para nós (cristãos) é o paradigma do nosso amor para com os outros (1Jo 3;16 a 18 e 4;8). Se a Santidade dele é o paradigma para a nossa conduta (Lv 20:7), e a Lei dEle é o paradigma da nossa lei (não preciso por referência?- mas vai duas: Tg1;17 e Rm 12;1 a 3), então a conduta dEle (revelada, descrita e abstraída na – e unicamente – na Bíblia) de imposição da norma justa (a alma que pecar...), de dialogo legal (Livro do profeta Isaías e Apocalipse – para ser curto –  o ministério de Jesus e toda a Bíblia é um dialogo, um chamado a razão) e de “busca” pelo bem coletivo (nosso bem, pois é Ele que realmente busca e o único que pode fazer - Gn1;1) deve ser também o paradigma da nossa (dos crentes de verdade – afinal que não é eleito não quer e de fato não pode agradar a Deus) conduta política (imposição da norma justa, dialogo legal e busca pelo bem coletivo).

E o governo, aqui e agora?
          Creio que o governo[4](hoje)[5] precisa organizar a sociedade para viabilizar a equidade social, dando-lhe (iguais) oportunidade de desenvolvimento, tirando os desiguais das dificuldades promovidas por suas incapacidades. A Governança de um país deve através da Lei e – principalmente – do cumprir e fazer cumprir a Lei, promover e garantia liberdade, que não pode ser confundida com deixar viver à própria sorte sem nenhum tipo de intervenção. Então aparece o ente que gera, subsidia, e onde deve se manifestar o governo – principalmente – o executivo, a Lei.
 
          Daí falando de antropologia e sociologia num viés cristão, temos que Deus criou o homem e a Lei (Gn 1;26 a 30), Ele estabeleceu as nações (mais para frente, na divisão das línguas Gn 11,9 – é impressionante que ainda hoje os laços civis se de e se mantenha ou caia pela língua); especificamente deu a Lei a Israel (lei mosaica) – mas mesmo antes, toda a Lei oral, e até todo o princípio legal como por exemplo, o famoso código de Hamurabi, ou seja, Deus é quem traz a ordem e ela o progresso. Assim temos que o governo instituído pela Lei dada por Deus, serve ao povo.

Ordem e progresso... "O Amor por base, a Ordem no princípio e o Progresso enfim"???
          – Sim, mas calma, antes de fechar a tela do seu PC, e excluir esse blog e esse amigo da sua lista, ouça – ou melhor – leia o resto.
 
          A frese que ironicamente usei, é um paráfrase do lema do positivismo, de autoria de Auguste Comte, que não reflete a vontade de Deus, para o mundo! E mais o autor não está (estava) sendo servil ,em sua ignorância, aos propósitos divinos. O positivismo, como todos os ideais humanistas, é uma afronta a Deus, e uma receita do inferno! Que faz o homem, ao tentar andar com suas próprias forças, a cair, cair e cair.

Amor por base:
          O Amor – de Deus – é sim a base (o começo, o principio, a sustentação) de todas as coisas. A história do universo só é contada porque Deus amou! Tudo vem dele e por ele se mantém, até o momento atual em que vivemos, faz parte do seu plano eterno (decreto imutável), decreto de amor. Não vamos desvelada glória de Deus, entender os mistérios de como isso se processa exatamente, mas temos como conhecer algumas coisas, pelo que Ele revelou de si em Jesus Cristo (o Deus-Homem), registrado na Bíblia, assim como Cristo é a expressão máxima do Amor, devemos ter em nós o mesmo sentimento, e isso deve ser a direção das atitudes de um cristão, na família, na comunidade local e na sociedade como um todo.
 
          Entretanto o termo amor atualmente é um sentimento promiscuo, tolerante e permissivo, e isso é levado até Deus, e como dizia C.S.Lewis:
          “Quando nos referimos à bondade de Deus hoje, estamos indicando quase que exclusivamente seu amor – e nisto talvez tenhamos (sem saber)* razão (amor e bondade são em Deus e só em Deus, a mesma coisa)*. E por amor, neste contexto, a maioria de nós quer dizer bondade - o desejo de ver outros felizes, e não a própria pessoa; não feliz deste ou de outro modo, mas apenas feliz. O que realmente nos satisfaria seria um Deus que dissesse a respeito de qualquer coisa que gostássemos de fazer: "Que importa se isso os deixa contentes?" Queremos, na verdade, não tanto um Pai Celestial, mas um avô celestial - uma benevolência senil que, como dizem, "gostasse de ver os jovens se divertindo" e cujo plano para o universo fosse simplesmente que se pudesse afirmar no fim de cada dia: "todos aproveitaram muito". 

         A relação entre Criador e criatura é naturalmente única e não pode ser comparada a qualquer das demais relações entre uma criatura e outra. Deus está, ao mesmo tempo, mais distanciado e mais próximo de nós do que qualquer outro ser, a intimidade entre Deus e até mesmo a menor das criaturas é mais próxima do que qualquer outra que as criaturas possam alcançar umas com as outras.
          Nós somos, não em metáfora mas verdadeiramente, uma obra-de-arte divina, algo que Deus está fazendo, e portanto, algo com o qual ele não ficará satisfeito até que possua umas tantas e determinadas características – ele nos prestou o intolerável cumprimento de nos amar, no sentido mais profundo, mais trágico e mais inexorável, é o "elogio insuportável". O artista pode não se preocupar muito com o esboço feito com negligência para divertir uma criança: ele pode deixá-lo ficar como está, mesmo que não seja exatamente aquilo que pretendia que fosse. Mas em relação ao grandioso quadro de sua vida - o trabalho que ama, embora de forma diversa, tão intensamente como o homem ama uma mulher ou a mãe a um filho – ele se aplicará intensamente – e iria sem dúvida dar muita preocupação ao quadro se este tivesse sensibilidade. Podemos imaginar um quadro sensível, depois de ter sido apagado e raspado e recomeçado pela décima vez, desejando não passar de um esboço simples feito num minuto.
          Outro tipo é o amor de um homem por um animal – relação esta usada freqüentemente nas Escrituras para simbolizar a relação entre Deus e os homens; "somos o seu povo e as ovelhas do seu pasto": o homem domestica o cão para que possa primeiro amá-lo, e não para que este o ame, e para que o animal o sirva, e não para que ele possa servi-lo. Para um filhote, todo o processo pareceria, caso fosse um teólogo, lançar graves dúvidas sobre a "bondade" do homem: mas o cão adulto e treinado, maior, mais saudável e com um período de vida mais longo do que o cão selvagem, e admitido, como se o fosse, por assim dizer, pela Graça, a um mundo de afeições, lealdades, interesses e confortos inteiramente além de seu destino animal, não teria tais dúvidas. Deve ser notado que o homem (e estou falando apenas do homem bom) tem todo esse trabalho com o cão, e causa todo esse sofrimento a ele, apenas por se tratar de um animal que se acha no alto da escala - por ser tão digno de amor que vale a pena torná-lo ainda mais digno desse amor.
          Da mesma maneira, é natural para nós desejar que Deus nos traçasse um destino menos glorioso e menos árduo; mas, assim, não estaremos então desejando mais amor e sim menos amor.
(C.S.Lewis em, O problema do Mal – com adaptações)

          O Amor, não significa condescendência, não é fingido que não há erros ou reconhecendo que existem, mas não os corrigindo que se demonstra Amor (Hb 12, 6 e 7).

Ordem no princípio:
          Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. E por isso somos capazes de, pela fé entender que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem – isso é um apelo à conclusão óbvia que a fé em Deus (um ser todo-poderoso), somada à observação da ordem e harmonia presente na realidade/natureza que apontam para a Criação.

          Deus é um Deus de ordem e não de confusão (1Co 14;33), todas a estrutura em que estamos vivendo é resultado de um processo diretivo, ordeiro e organizador descrito em Gn 1,1. A Terra é criada informe e vazia, desorganizada e tal qual ao barro nas mãos do oleiro, toma forma e sentido (ordem!) nos 2 primeiros capítulos da Revelação. O próprio pacto com Adão é uma demonstração da organização divina. O advento de Cristo acontece segundo um projeto e num tempo especifico – a plenitude dos tempos – os sonhos e visões descritos nos livros de Daniel e Isaías, deixam isso absolutamente claro. Apocalipse revela outra parte dos projetos de Deus, inclusive demonstrando que eles foram “escritos” antes do mundo vir a existir. Em Romanos vemos uma organização: os glorificados são os conhecidos e predestinados para boas obras preparadas antes da fundação do mundo.

Progresso em fim!
Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo. Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram. E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras. Disse-me ainda: Tudo está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. Eu, a quem tem sede, darei de graça da fonte da água da vida. O vencedor herdará estas coisas, e eu lhe serei Deus, e ele me será filho.
(Apocalipse 21;1 a 7)
          Talvez a melhor palavra fosse retorno – concordo. Mas como estamos vivendo num mundo invertido, e nenhum de nós viveu da forma correta (no Éden, antes da Queda). O termo progresso não deve ser assim tão rapidamente rechaçado – é como a linguagem no salmo 19 no ponto de vista do observador. Sim em estamos progredindo, a humanidade toda, nos eleitos em Cristo – e pela "leia da adaptação", o não evoluído (o que não progride em Cristo) será extinto. Na verdade em Rm 12; 1 e 2, Paulo fala de transformação, mudança, renovação em ser radicalmente diferente do contexto, o presente século. Seria uma revolução, que é um retorno, uma volta, uma mudança radical, 180º, no contexto em que estamos inseridos.

A Igreja o verdadeiro progressismo no mundo.
          A cristandade ocidental deve seu maior desenvolvimento há um processo litigioso na região do antigo oriente-proximal entre dissidentes judeus seguidores de um homem que se intitulou o Messias, um rei libertador aguardado pelos hebreus em cumprimento de antigas profecias que segundo a interpretação da época retomaria os territórios ocupados pelo Império Romano e restauraria a grandeza do trono de Davi. E a despeito das divergências levantadas por alguns estudiosos acerca da validade dos escritos considerados sagrados pela cristandade em geral (Novo Testamento) como documentos históricos, é óbvio e claramente aceito que nenhuma outra ação ou movimento histórico orgânico ou mecânico produziu uma mudança – ou progresso – tão significativa e profunda em toda a sociedade global.

          O fato é que um grupo inicialmente de 12 homens espalhou a noticia (boas novas) acerca de um reino transcendente que estava ao alcance qualquer um que quisesse, bastando seguir algumas regras morais, ser iniciado com um banho cerimonial e conhecer a alguns ensinos. Tal noticia não só foi recebida com grande aceitabilidade como espalhou motivação e rapidamente, em menos de 50 anos alcançou praticamente todo o mundo conhecido.

          Sem dúvida esta perspectiva está associada à máxima cristã ‘amar ao próximo como a ti mesmo’. O que representa uma radical mudança no contexto social vigente, aonde a sobrevivência era direito do mais forte, e mesmo no âmbito religioso mais devoto a miséria financeira e a debilidade da saúde era claramente vinculada ao desfavorecimento e ao castigo divino. Essa idéia independia do viés religioso, nela estava incluindo tanto os adoradores dos panteões gregos e romanos, com suas dúzias de deus, como os servos de JAVE.

          A institucionalização dessa Igreja em 380 d.C. pelo então imperador romano Constantino não pôs fim a essa máxima, ordens foram criadas e sistemas de cuidados foram instituídos. Mas durante a idade média (sec.v a fim do xv), algumas ações sociais ficaram por conta dos monastérios que também eram abrigos aos desvalidos, neles funcionavam escolas, em geral para a formação do clero. Nesse período, também conhecido como idade das trevas, muitos dos altos ideais da Igreja Primitiva se perderam e uma pesada organização clerical levou a Igreja para longe do povo e de suas necessidades.

A Reforma Protestante outro progresso.
          Em 31 de outubro de 1517 (que ironia o 2º turno das eleições será exatamente no dia da Reforma Protestante) o monge agostiniano Martinho Lutero apregôo as 95 teses na porta da igreja de Wittenberg aonde expunha os abusos da Igreja instituída principalmente em relação às finanças, avarezas e maus tratos aos pobres. Deflagra-se então o que posteriormente ficou conhecida como Reforma Protestante.

          O interessante que foi em Genebra na Suíça e não na Alemanha que esse novo movimento eclesiástico ganhou seu mais notável defensor, o jurista João Calvino, que escreveu longos tratados sobre o Estado, a Leia e a Sociedade, todos de caráter exclusivamente cristão, dando novo direcionamento às relações Público-privadas, não impondo a Igreja sobre a sociedade e governo, mas reafirmando a Ética Cristã (amar ao próximo como a ti mesmo), sobre a vida individual.

          Em 1649 a parlamento inglês aprova o texto da Confissão de Fé de Westiminster de orientação calvinista e torna-se o padrão doutrinário mais aceito pelos reformados ao redor do mundo. Essa assembléia foi uma das principais contribuições dos puritanos, os calvinistas ingleses e mudaram drasticamente a fórmula doutrinária da Igreja na Inglaterra. A assembléia de Westminster se reuniu nos anos de 1643 a 1649, e foi constituída por cerca de 120 dos mais piedosos e cultos ministros puritanos, e de alguns ministros presbiterianos escoceses. Com o retorno ao poder da monarquia inglesa, as mudanças propostas por essa assembléia minguaram na ilha bretã. Devido as perseguições, boa parte dos puritanos seguiram para América, construído o Estados Unidos da América sob a égide do pensamento calvinista.

          Embora vigore hoje – com certa razão[6] – um anti-americanismo, não podemos negar que o legado de liberdade e seriedade encontrados no mundo modernos descende da grande nação americana. Um sem-número de instituições filantrópicas abrigadas, mantidas e gerenciadas em terras americanas ainda propagam e lutam, não pouco vezes, contra o próprio governo norte-americano, para manter não só a paz, mas, também, a igualdade e a legalidade. O grande número de escolas, hospitais, asilos e orfanatos se espalharam por todo o mundo devido a influência de homens e mulheres piedosas (de verdade), que no interesse de elevar a humanidade por crerem em ‘algo maior’, não pouparam a suas vidas e nem suas finanças.

Conclusão
          É preciso aprofundar o debate político (na esfera cristã) nas áreas chaves da sociedade e do governo. Falarmos um pouco de políticas públicas, econômicas e financeiras; tratar de mercado, poderes, legislação; código penal; esboçar como dirigir um país de proporções continentais que historicamente sofre de grande desigualdade; falarmos do combate à violência, ao analfabetismo, à corrupção, às drogas; estudar como equacionar o déficit de moradia e emprego levando em conta a sociedade global, sem se esconder numa casca cristã estéril (alienada e alienante), sabendo que embora creiamos na Bíblia como a única verdade e a usarmos como o paradigma para TODAS as esferas da vida (aqui, hoje), ela não será – e nem poder ser (1Co 2;14) – aceita (plenamente) na esfera política atual porque essa é/está corrupta pelo Pecado que jaz no Homem.

         Todas as ideologias políticas serão uma afronta a Deus, por tentar por si mesmo (força humana) construir um mundo melhor (mesmo que seja com coisas boas de fato). Isso não deve ser impedimento para uma participação política do salvo, ao contrário, a política mundana (do mundo material, diferente da política – governo ou economia – divina) deve ser exercida pelos mais isentos, equânimes, justo e honrados homens, os quais serão – ou devem ser – naturalmente, cristãos. Mas observe como nós, quanto cristãos, trilhamos num caminho tênue, num “fio de espada”, não podemos deixar o mundo de Deus (que embora caído, foi criado por Ele), sem nenhum cuidado, o mandato cultural (Gn 2;15) não foi revogado. Mas não podemos achar que esse é o fim (o propósito) do ser humano.

          A preocupação com as causas da comunidade é algo válido, precisamos fazer algo (e aqui falando como homem, cristão, i.é. que entende que é necessário fazer alguma coisa: como homem, porque somos iguais – “os sinos dobram por nós”; como cristão, porque nosso Deus é Missionário – Ele veio aqui nos resgatar – e nos manda fazer missões (se engana quem pensa que missões se resumem a distribuir folhetos com trechos bíblicos). Nós precisamos nos preocupar com o próximo! Um dos grandes problemas do Brasil (e do mundo) é exatamente esse egoísmo, a coisa pública é tratada como sendo de ninguém. É impressionante como algumas pessoas sujam a rua onde vivem. Só para mostrar um valor diferente, o Central Park, em NY, é conservado em grande parte por doações e trabalho voluntário.

          Pode até ser clichê, mas Eisenhower definiu claramente o custo da nossa (humanidade) maldade: “toda arma fabricada, todo míssil e foguete lançado é, num certo sentido, um crime contra os que passam fome e não são alimentados, contra os que sentem frio e não são agasalhados”. Crianças morrem de fome enquanto se queima toneladas de alimentos garantir preço alto. Os valores da manutenção do aparato militar (veja, o custo para manter as máquinas de guerra prontas) seria suficiente para acabar com a fome global por, no mínimo, 5 anos! Isso seria o Céu na Terra?! Claro que não, porque o mal no homem é o mal do próprio homem (enquanto não mudar por dentro a coisa tenderá ao caos), mas não podemos negar que os índices de violência (criminalidade) são menores em países que venceram a miséria e a desigualdade (analfabetismo, desemprego, corrupção e etc.).

          Também não vamos ser falsos (ou desinformados) em dizer (e obedecer) que as Leis do V.T. não apontam para uma intervenção social; há a um mandato direto para que se cuidem das viúvas, dos órfãos e dos estrangeiros – até a causa dos devedores é vista sobre um prisma social equilibrado. É só lembrar de Neemias repreendendo os mais ricos por emprestar ‘dinheiro’ (e exigir a terra familiar como garantia desse empréstimo) com juros (abusivos) para que os mais pobres plantassem. Ou a condenação em Isaías 5;8 para aqueles que compravam propriedades (na e para a especulação imobiliária) e se tornavam os donos das cidades.

          Jesus vem fazer o bem (quando éramos inimigos dele ele morreu por nós, fez o sumo bem, nos perdoou), e nos chama (ordena) a fazer o bem, também! A promoção da justiça aqui é nossa responsabilidade. Não podemos ficar de braços cruzados enquanto o assaltado é abandonado para morrer! Precisamos chorar com os que choram... e se envolver na causa dos outros. A caridade não é coisa de espírita, devemos amar de fato e de verdade e não só com palavras (1Jo 3;16). O Exemplo das igrejas em Atos é um verdadeiro tapa na cara da nossa geração (At 2;42 a 47 e 4;31 a 37).

          Então, nós (os verdadeiros cristãos), como verdadeiros conservadores[7] devemos agir (lutar) dentro do nosso momento, da nossa história, da nossa sociedade e da comunidade local, sem imiscuir-se com o Mundo – mas atuando no Mundo, afinal se Cristo ainda não nos levou (e nem voltou) ele tem um objetivo para nós aqui, conservar e construir o que é VERDADEIRAMENTE bom (Ef 2;10) – e nós cristão sabemos que o bom é o que Deus nos deu, a Bíblia (2Tm 3;16,17).

Em Cristo o único que realmente repartiu o pão (seu corpo, o Pão do Céus).

P.s.: É importante acrescentar que os termos marxismo, comunismo e socialismo (que usei nos comentários anteriores), são intercambiáveis e se referem a estruturação politico-econômica baseada nos idéais de Karl Marx. Usei a tríade de termos apenas para evitar a repetição e para não dar brecha para que um achismo se colocar, a saber: "eu sou socialista, não sou comunista"; ou, "eu penso como Marx... Stalin é que preverteu tudo" ou ainda "o socialismo não é o mesmo que comunismo".
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* Acrécimos  feitos por mim, explicando o que fica óbvio no livro do C. S. Lewis.
[1] Na verdade o Marxismo foi uma ideologia que nunca vingou. Como todo o ‘bom’ político a força do movimento de Marx era (ou é) baseado na fraqueza do povo (na miséria, no mau trato e na falta de conhecimento). Não logrou excito. O Comunismo é o sistema politico-economico que foi adotado por Stalin (na URSS) tinha muito de Marx, mas, lógico, não promoveu a grande mudança. Além da miséria, dos maus tratos e da ignorância, a única coisa que aumentou foi a fome do povo. O Socialismo, que é a aplicação das doutrina marxista às políticas públicas, ainda está aí e se travesti de diversas formas, sobre tudo na ridícula idéia de transferência de renda, que não é outra coisa que roubar de quem tem, para dar um pouquinho para quem não tem (para esse calar a boca) e um montão há um bocado de privilegiado (é só ver os líderes dos pais socialistas/comunistas – podre de ricos, enquanto o povo só é podre).
[2] Moralismo hipócrita que não pode ser – mas é facilmente – confundido com conservadorismo – se bem que eu prefiro o termo preservação, mas isso é para outro comentário, ou post.
[3] Antes Ele nos chama, nos busca, e longânime, nos ensina de diversas formas (Hb1;1) ao ponto de descer de sua Gloria e habitar entre nós, só para nos resgatar, por amor (Jo 3;16)!. Então
[4] Quando digo governo falo da tríade do poder (Executivo, legislativo e judiciário – não que eu legisle nessa tricotomia, não é o caso falar disso agora).
[5] Não posso ignorar o fato de que não estamos no momento da formação das nações modernas, fim da idade média, i.é. a demanda atual de um governo que se estabelecerá em 01 de janeiro de 2011 é diferente.
[6] Afinal muitos dos ideais de seus fundadores foram – e são – mudados e ignorados.
[7] isso é, não confundir com “conservadorismo oportunista” pregado por ai que em muito caso não passa de um misto de medo, covardia, misticismo, hipocrisia e moralismo, assim reforço a sugestão de leitura do artigo Conservadorismo, não? da Norma Braga).

14 comentários:

  1. Uau Esli!

    Acho que agora sim você bateu o recorde de tamanho de post! Hahahahaha

    Como está, irmão?

    Assim como você disse, o cristão caminha “sobre o fio da espada”. Por um lado, sabemos que TEMOS que ser atuantes nesse mundo, fazer a diferença, sofrer pelos demais, fazer o bem mesmo quando saímos no “prejuízo” (na terra, não no céu). Mas ao mesmo tempo, temos que evitar de “cair” do lado de lá, achando que obras sociais são o centro da Verdadeira Religião, quando na verdade são conseqüências (frutos) dela.

    Eu creio que a Politica é um meio válido para o cristão atuar na sociedade, mas somente para aqueles que tem esse dom de administração dado por Deus.
    Eu sou radicalmente contra um pastor/político, ou um “bispolítico” (inventei agora), alguém que quer dividir o serviço eclesiástico com o serviço ao governo. Não se entrega de verdade a nenhum dos dois, mas se torna uma mutação bizarra do que deveria ser em algum dos dois casos...

    Um abraço, saudade fraterna.

    NETO

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  2. Caro Esli:

    Ótimo texto e pensamentos. Grato pela referência,

    Solano Portela

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  3. Neto,

    Que bom que vc apareceu... vivemos num mundo politicamente bem mais complicado que o de 2000 anos atrás. Acho justo o engajamento em campanhas e até a participação direta no pleito de um cristão. Acho até que deveríamos ter mais gente fiel ao Senhor no meio da política. Mas uma coisa é o palanque, outra coisa o púlpito. Devemos como servos do Altíssimo denunciar todas as irregularidades e distorções da sociedade, sempre, e não só nos 3 meses que antecedem a eleição. Temos, como cristão, a obrigação de influenciar todas as áreas da sociedade, da educação à política, passado pelas ciências e pelas artes.

    No mais,
    Graça e Paz.

    Esli Soares
    p.s.: Quando vamos tomar o café?

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  4. Caríssimo Pb. Solano Portela,

    É uma honra recebê-lo aqui, citá-lo (ou referencia-lo) é o mínimo natural, e agrega valor as minhas palavras. Espero que volte. Obrigado pelo elogio.

    Em Cristo,
    Esli Soares

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  5. Esli,

    rapaz, você fez um verdadeiro tratado! E seus textos estão cada vez maiores; mas com conteúdo, o que é melhor.

    Primeiro, obrigado pela referência ao Kálamos, e pela gentileza com que se referiu, inclusive, colocando-me junto de gente que somente posso ver de binóculos [rsrs].

    Bem, vamos ao texto.

    Gostei muito do que expôs, e do equilíbrio na reflexão. Talvez, por ter sido marxista a vida inteira, eu perceba um certo "tom" do discurso esquerdista no texto, mas pode ser paranóia ou incompreensão mesmo. Mas o tom, se houve, não interferiu nas conclusões, que me parecem corretas.

    Quanto a alguns pontos discordantes, considero que o estado ideal é aquele que interfere o mínimo possível na economia e na sociedade, diferente do que vemos atualmente. O estado se tornou no "grande pai", que vende a idéia de que está cuidando bem dos filhos, mas que os relega ao abandono, pois sua prioridade não são os "filhos", mas manter-se intocado as custas deles. Por isso temos uma carga tributária absurda e injusta, os serviços públicos são vergonhosos, e a burocracia ri-se na nossa cara [e da nossa cara] com seus privilégios custeados com o suor dos que trabalham para se sustentar e sustentar uma máquina voraz e preguiçosa. Eles ferem o princípio dado por Deus a Adão de que comeria do fruto do seu suor, para viverem como parasitas as custas do suor alheio [tanto dos empregadores como dos empregados].

    Um estado menos interventor representará um estado mais "leve" e menos "glutão", menos corrupto, mais justo.

    A função do estado é fazer leis justas e garantir que elas se cumpram. E base para um código justo são as leis bíblicas, dadas pelo próprio Deus para que haja paz e progresso, como você disse.

    Quanto ao desejo do homem de voltar ao Éden, sei não... Diferente dos novos céus e novas terras, quando não haverá o pecado nem o mal, o Éden é um lugar melhor do que aqui, mas ainda assim foi o palco da queda inevitável do homem, logo, bem diferente da eternidade que nos é prometida e está reservada por Cristo.

    Em relação à igreja, muitas nos dias atuais querem se valer dos princípios cristãos, especialmente os descritos em Atos dos Apóstolos, com uma grande diferença: querem fazer caridade com o que não lhes pertence, e serem bons sem que a bondade os leve ao sacrifício e ao choro sincero pelo próximo.

    Querem um estado tutelador, que distribua uma espécie de bondade impessoal, e via de regra, que eles não sejam molestados pelo sofrimento alheio, pois isso, defendem-no como um "negócio" governamental.

    Os cristãos-marxistas [íncoerência das incoerências] não estão dispostos ao sacrifício, mas como os parasitas que citei acima, querem expropriar e se valer do sacrifício dos outros e transferi-los por "decreto" a terceiros, sem que seja necessário se envolver, participar ou mesmo olhar nos olhos dos necessitados. Para eles, bastam números [ainda que sejam manipuláveis], os gráficos e estatísticas. É o cristianismo moderno, criado em escritórios e salas com ar-condicionado e todo o conforto possível, em que o assistencialismo é realizado por organismos estatais ou não, mas que garantem a impessoalidade e o ascetismo de uma "bondade" não-bíblica e não-cristã.

    Tudo isso com o objetivo de prenderem o Evangelho numa caixa-forte, e tirá-lo de lá, vez ou outra, quando for necessário e prudente. Ou então, esquecê-lo definitivamente, jogando fora a senha, a combinação ou a chave.

    Parabéns pela lucidez e pelo texto exemplar.

    Grande abraço!

    Cristo o abençoe!

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  6. Esli,

    O seu texto está muito bom e esclarecedor. Grande, não se pode negar (rsrsrs), por isso demanda tempo, como eu lhe disse alhures.

    Concordo com praticamente toda a sua explanação, especialmente na forma de se enxergar governo, política e Reino. Eu diria que a sua reflexão neste momento é oportuna, tendo em vista não somente o pleito, como as discussões que surgiram em decorrência dele envolvendo interesses dos cristãos, como por exemplo, aborto, homofobia, família, etc.

    Concordo plenamente que as respostas para este mundo não estão neste mundo, mas fora dele, especialmente por sabermos que Deus, embora sendo imanente, é também transcendente. Isso não nos impede, entretanto, de nos envolvermos nas lides deste mundo, deste tempo presente. Tampouco obriga a que nos enclausuremos numa espécie de bolha cristã, alienando-nos e separando-nos (concordo contigo), pois embora sendo forasteiros, vivemos aqui e nos envolvemos com os nossos semelhantes, sem que seja necessário que nos sentemos na roda dos escarnecedores. Podemos impor os nossos valores cristãos, influenciando mesmo aqueles que não são cristãos. Calvino fez isso, Kuyper também, pelo que sei, e tantos outros expoentes da reforma. Esses grandes cristãos trataram das coisas do Reino, mas também das relações políticas e econômicas sob um olhar cristão, bíblico. Nem por isso quiseram impor ao mundo , especialmente na política e no governo, os fundamentos da religião, ou um governo teocrático - de todo impossível, a meu ver. E aqui faço menção à discussão atual sobre um partido teocrático.

    ...

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  7. ...

    "A Deus o que é de Deus e a César o que é de César". Assim, entendo, alicerçado pela própria Bíblia, que os governos, a organização política, os sistemas e formas governamentais, foram mesmo impostos por Deus, assim como tudo que há, de certa forma servindo à Sua providência, para a consecução do fim decretado na eternidade. E serve tanto para condenação como para salvação. O marxismo tem mesmo a percepção de substituir Deus impondo um Estado plenipotenciário, déspota e tirano, voltado para a escravização da vontade, a supressão da liberdade e o pisoteamento das garantias fundamentais do ser humano.

    A meu ver, nunca haveremos de ter um sistema ou forma de governo neste mundo que seja perfeito, ou pelo menos aceitável sob o ponto de vista cristão. E não somos nós cristãos que garantiremos essa perfeição, essa quimera, estabelecendo institucionalmente as leis de Deus na terra, aquelas do AT. Repito, a nossa missão é ser sal e luz na terra, em todos os sentidos e onde estivermos, influenciando tantos quantos pudermos, mas ainda assim nos mantendo como forasteiros.

    Por fim, pelos motivos tão bem expostos no texto, concordo em número, gênero e grau com o Solano, no sentido de que não consigo aceitar que um verdadeiro cristão (sem citar partidos políticos) possa depositar seu voto em partidos ou candidatos, ou ambos, que se colocam frontalmente contra os valores cristãos, como a vida, a liberdade (respeitado o conceito) e a família, sob a assertiva de que referido candidato ou partido primam pelo "social". É que não se deve sacrificar o "bem maior" em detrimento do "bem menor".

    Obrigado pela citação de meu nome, fiquei muitíssimo honrado.

    Em Cristo,

    Ricardo.

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  8. Jorge e Ricardo,

    Por enquanto, obrigado pelos comentários e elogios. Estou um pouco sem tempo para comentar as questões colocadas por vcs, mas comentarei...

    Esse texto é só o início de uma seqüência especificamente sobre política, e só saiu agora por causa do post do Solano. Na verdade ele é ‘um cocha de retalhos’ de varias coisas que escrevi inclusive para a faculdade.

    Blogs são dinâmicos, vivos e se deixarmos eles acabam controlando a agenda, mas já está no prelo, uns 5 artigos sendo 2 deles especificamente sobre política: A Política do Reino e o Reino na Política. Mas tem um sobre a Igreja, um outro sobre o criacionismo e outros que são continuação do que venho expondo sobre a Bíblia.

    Muitas coisa fervilham em minha mente e os dedos estão começando a acompanha-la motivo dos textos estarem cada vez maior (hehehe) – gostaria de ter tempo para me dedicar mais a essa tarefa (orem para eu possa vencer a desorganização da minha agenda).

    No mais,
    Graça e paz.

    Esli Soares

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  9. Jorge,

    Obriga de novo pelos elogios. Talvez, por vc ter sido marxista a vida inteira, consiga perceba um certo "tom" esquerdista no texto melhor do que eu mesmo. Como já te disse – e disse em aberto – trago comigo as marcas da minha adolescência, uma certa rebeldia, q bem pode ser vinculada aos movimentos das esquerdas. Mas nunca foi um subversivo, só um inconformado. Como nasci num lar cristão, tenho certa dificuldade de ver o ruim (q é natural) nas pessoas, assim foi fácil para mim no início da adolescência q Jesus foi o primeiro comunista, afinal ele repartiu o pão.

    Mas não demorou muito para eu conhecer a outra realidade, a do totalitarismo, que se manifesta nas mais diversas situações. Então fui golpeado pelo mal latente, o filme do Jorge Lucas (Star War) é perfeito para descrever o problema do comunismo ideal, que não difere muito do defeito da monarquia, o homem! Assim mesmo no meio da adolescência, o auge do meu esquerdismo, eu vivia numa ética muito particular, um liberalismo ideológico, e até arrumei confusão por isso, afinal eu não era – e não sou – corporativista.

    Então pode ser que um sotaque esquerdista ainda resista em me deixar, pode ser que eu esteja a falar de algo que considero meu e que pode ser defendido (de alguma forma) pelos da esquerda – será que tudo que vem de lá é automaticamente ruim, pensar assim não seria corporativismo, um esquerdismo as reversas?

    Quanto a alguns pontos discordantes, eu considero o Estado ideal aquele que interfere o máximo possível na sociedade, diferente do que vemos atualmente. Mas veja isso é o ideal, ou seja, o Estado Teocrata Perfeito,que é dirigido será dirigido exclusivamente por Deus o verdadeiro Pai de todos.

    (continua...)

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  10. Assim concordo com vc o estado (brasileiro) se tornou pseudo-pai, que vende a idéia de que está cuidando bem dos filhos, mas que os relega ao abandono, pois sua prioridade não são os "filhos", mas manter-se intocado as custas deles, na verdade os que estão no poder – e os que querem entrar – são mercenários.

    De fato temos uma carga tributaria absurda, mas a injustiça está no fato dos serviços públicos serem vergonhosos, uma máquina voraz e preguiçosa, existem outras sociedades em que o Estado se apropria mais do que no Brasil, mas o q ele oferece é incomparável, muito melhor, e não pense que lá o governo é opressor e que ninguém pode sair. O índice de desenvolvimento humano é altíssimo próximo do ideal. A rigor o nosso problema é a má utilização dos recursos arrecadados.

    Não sei se dá para fazer essa ligação direta do valor do trabalho (do suor do seu rosto) com retenção de parte da renda. Uma coisa tb é preciso lembrar, o q Deus disse não é um principio é um maldição (veja ter um trabalho é uma benção, conseguir se sustentar por ele tb, mas ter a necessidade de trabalhar para se sustentar, para comer, é um maldição da qual o homem não consegue se livrar, eu ousaria dizer q até um bandido como do fruto do suor dele!!! Mas roubar para comer não deixa de ser pecado só pq deu trabalho).

    Outra coisa importante é q a lei mosaica, fala de pessoas sendo alimentadas por outras. Havia sistemas legais de ação social obrigatória, (Lv 19;8 e 9; e Dt 24). O próprio dia de sabbath é uma lei q interfere na vida social e no comércio. Mas concordo que muitos vivem como parasitas as custas do suor alheio.

    (continua...)

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  11. Infelizmente um Estado menos interventor (mais "leve" e menos "glutão") só representará um estado, menos corrupto, e não necessariamente um estado mais justo. No sentido de ter menos dinheiro à disposição o crime será menor, mas isso não pode ser igualado a justiça, quem era por um erra por muitos, mas se temos que escolher, já que não tem o justo, eu escolho o q rouba menos (ah meu Deus, misericórdia!).

    A função do Estado não é fazer leis justas – na verdade talvez todo esse comentário se justifique pela confusão dos termos (Estado, Governo, Poder Executivo e etc.) – mas te entendo, é concordo, o poder executivo (o famosos governo) devia parar de tentar fazer leis (MP’s, por exemplo) e se preocupar em cumprir as leis existentes.

    Quanto ao Éden, o homem se sente só, descuidado, ele grita por ai... por desespero e não por fé. Sobre o Éden ser diferente dos novos céus e novas terras, é outra conversa, então fico devendo, mas essa vai demorar ainda nem chequei na Criação e vc já que falar do Céus!

    Em relação à igrejas (de foco só no social) e os cristãos-marxistas, concordo em gênero, número e grau. Mas volto a dizer, amar (isso é se preocupar em fazer o bem ao próximo) é o mínimo que se espera do cristão verdadeiro, pois aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor: como pode dizer q ama a Deus que não vê, e não ama o irmão a quem vê? Devemos amar de fato e de verdade e não só com palavras, pois nisso serão manifesto os filhos de Deus.

    Na paz
    Do Amor, Cristo Jesus, o Senhor e Salvador
    Esli Soares

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  12. Ricardo.

    Perfeito o seu comentário, concordo, temos q ter cuidado com essa de querermos dominar o mundo, mesmo que seja através da imposição da Bíblia. O coração do homem, mesmo regenerado é corupto

    O Soberano decidiu q a Criação estaria por um prazo determinado em queda, e demonstrar seu amor resgatando a todos que quis. Não devemos nos apresar em fazer se cumprir esse plano que é de administração exclusiva dEle, a economia é dEle, tentar interferir mesmo que seja algo (aparentemente) bom será a mesma obstinação do coração de Adão. Antes devemos viver aqui como que já anda em clara luz, obedecendo a Deus, dando graças a Ele pelo bem que recebemos, levantado mãos santas sem ira e animosidade, orando sempre, fazendo conhecida as nossas causas, remindo o tempo, pois os dias são maus.

    E nisso vejo q a certeza da Graça Comum (ou do comum na Graça) é a única esperança que temos nesse mundo, ela não tem deixado o mundo se tornar o pior que pode. Devemos agir sabendo que um reino parasita (o Mal), subsiste e cresce pela permissão de Deus, que por amor (aos eleitos, não querendo que nenhum se perca) tolera tamanha oposição a si mesmo. Mas se mantem inquestionavelmente no controle de tudo e de tudo.

    Ou seja, devemos lutar pela conservação do que ainda presta no “paraíso invadido” (o Homem, muito mais que o Éden) não porque teremos êxito ou porque então não seremos fieis, mas pelo amor que temos por Deus (conseqüentemente por suas obras, imagem e semelhança). Encontraremos em todos o tempo, mesmo nos de angustias, abrigo nEle, não precisamos fazer daqui um lugar um pouco mais tolerável, na verdade só nos agradará a Casa do Pai, qualquer outra coisa é digressão, desperdiço, insosso, sem graça – e se alguém ainda tem vontade e prazer aqui (nessa era, desse jeito), lembre-se da mulher de Ló (que antes seu coração estava na cidade destruída e como esse também pereceu) – pois assim diz o Senhor, o meu justo viverá pela fé. E, se retroceder, não me agradarei dele (homem), Nós (eleitos), porém, não somos dos que retrocedem e são destruídos, mas dos que crêem e são salvos.


    Na paz do nosso Senhor Jesus, em quem temos a certeza da nossa remissão.

    Esli Soares

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  13. Esli,

    Que textão e que texto! Tenho material para pensar, e muito.

    Deus o abençoe.

    Em Cristo,

    Clóvis

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  14. Clóvis

    Meu camarada - melhor - meu irmão, já tem muita gente me chamando de cumunista... hehehe

    Eu sempre vou lá no 5solas! Não comento sempre pq fico atrapalhado com esses textãos - ou será textões? - De qq forma então, um tostão pelos seus pensamento!!!

    É sempre bom te receber aqui, volte sempre e sinta-se em casa, isso é, escreva mais do que 5 linhas!

    Na paz

    Esli Soares

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É sua vez de dizer alguma coisa! Será bom te ouvir (ou ler), mas lembre-se da boa educação.