quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Música, canto e a Igreja

Havendo compromissos conciliares e/ou confessional específico sobre o uso da música no culto, os responsáveis (pastores, líderes ou liturgo, ou liturgista) devem descansar neles, seguindo-os sem maiores contestações, ou questiúnculas. Isso esboçará certa humildade (não fingida) bastante condizente com o que penso ser o ideal do líder cristão. Mas, em não havendo acerto conciliar ou confessional, ou ainda mesmo por causa de certa inquietação – justa, provavelmente – sobre a temática, convém que cada um avalie-se e então pratique aquilo que não condena. Entretanto, devemos nos lembrar, os que estão filiados em concílios, convenções ou associações (que possuem resoluções sobre o tema) devem ser submissos (inicialmente, e sinceramente) a eles, ou claramente darem seus motivos para não serem, aguardando resolução, nas instâncias devidas, sobre essa dissidência. 


Sugiro então uma lista (não exaustiva) de questões sobre as quais flutua aquilo que creio que deve ser – e espero que seja, ou imagino que tenha sido – analisado por qualquer um que faz (ou quer fazer) afirmações acerca do uso da música no culto público. A primeira delas é a mais básica e simples possível. Qualquer que queira discorrer sobre a matéria deve enfrentar a seguinte questão: Deve-se cantar no culto público? O que automaticamente o levará a perguntar: O canto é um elemento desse culto ou apenas uma forma de expressar um dos elementos? Bem como, também: Sem o canto esse culto está completo ou é um culto deficiente?

Respondidas, afirmativamente, essas perguntas, obviamente com abstrações bíblicas, no mínimo, resistentes, o inquirente deve passar a responder (biblicamente, claro!): O canto deve ser acompanhado, obrigatoriamente, por instrumentos musicais ou apenas o canto, é, por si só, adequado (e válido) sem o acompanhamento instrumental? E mais, se o canto pode (ou deve) ser acompanhado, deve ser por quais instrumentos musicais? E ainda: Existe algum instrumento vetado? 

Daí convém pensar se deve haver um corpo técnico de músicos a serviço do culto e quem pode fazer parte dele. E óbvio, também é importante se questionar e definir se há um limite mínimo para a qualidade ou proficiência do musicista?

Depois de pesar cada uma das questões anteriores creio ser necessário avaliar ainda outros pontos, por exemplo: Toda a congregação deve cantar ou ela deve ser representada por um corpo técnico de cantores? Quem deve fazer parte desse corpo de cantores? Qual o limite mínimo de qualidade ou proficiência musical dos cantores, sejam dos representantes ou mesmo de toda a congregação?

Então inevitavelmente passa-se a analisar especificamente o que devemos cantar no contexto de culto público; quais os temas dessas músicas? Pode-se cantar poesias livres sobre os temas litúrgicos ou devem se cantar apenas trechos da Escritura? Quais? Somente os Salmos? Os Salmos (ou outros trechos da Escritura) devem ser cantados como? Na língua original ou no vernáculo? Qual tradução deve ser utilizada? Deve-se usar a tradução que segue os textos majoritários ou algum aparato crítico? Qual versão da tradução? Em que política de tradução? Deve-se seguir uma tradução especifica ou paráfrases servem? Qual o limite aceitável de alteração nos trechos para o melhor uso (incluindo a segmentação e repetição de partes)?

Ainda nesse tema, seria necessário abordar qual música deve-se tocar (se é que se deve tocar alguma, se não, então qual cadência vocálica deve-se usar) para acompanhar o canto dos Salmos (ou trechos da Escritura)? Deve-se utilizar músicas (cadências rítmicas) que aludam ao conceito cultural dos hebreus do séc.VI a.c. (especialmente para os Salmos) ou a musicalidade atual dos judeus serve? Deve-se seguir o conceito renascentista ou buscar a simplicidade da metrificação? Ritmos modernos servem? Qual o andamento apropriado para esse canto?


Deve haver ainda muitas outras perguntas, mas sem avaliar estas, penso ser prematura qualquer proposta.

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