quarta-feira, 27 de março de 2024

RÁPIDA REFLEXÃO SOBRE O SERMÃO EXPOSITIVO

O sermão tem sido um instrumento crucial na transmissão da Verdade Divina ao longo dos séculos no Cristianismo. No entanto, muitas vezes, na ânsia de transmitir mensagens significativas e relevantes, nos limitamos a fórmulas prontas, repetições de comentários famosos, tecnicismos frios e impessoais ou, pior, tornamos tudo um arroubo de psicologismos baratos de frases prontas e cuidadosamente pensadas para provocar arrepios e não mudanças. Por isso mesmo, é imprescindível que o sermão seja expositivo-bíblico.

PREGAÇÃO, UM IMPERATIVO:
A pregação expositiva é um expediente divinamente instruído para o ensino do Povo de Deus. Profetas, apóstolos e líderes espirituais foram comissionados por Deus para proclamar Sua Santa Palavra ao povo. Algumas passagens bíblicas, mesmo de forma simples, destacam a grande importância da prática. Em 2 Timóteo 4:2, por exemplo, o apóstolo Paulo exorta seu discípulo Timóteo a pregar a palavra, estar preparado a tempo e fora de tempo, repreender, corrigir e encorajar com toda a paciência e doutrina. Já em Romanos 10:14, Paulo questiona retoricamente: “Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?”

UMA ANÁLISE TÉCNICA:
Um sermão expositivo vai além da superficialidade típica na mera leitura da Palavra, não só porque busca elucidar o significado mais profundo dos textos bíblicos, mas especialmente porque é ministrado em um momento público e solene, diante de uma congregação que se reuniu diante de Deus para esse propósito em obediência à Santa convocação. É verdade que esse tipo de discurso envolve uma análise cuidadosa e detalhada da perícope, levando em consideração o contexto histórico, cultural e linguístico em que foi escrito, bem como as intenções do autor e peculiaridades dos ouvintes originais.

Um exemplo notável disso encontra-se em Neemias 8:8, onde os levitas “liam distintamente no livro, na lei de Deus; e explicavam o sentido, de modo que entendessem a leitura”. Aqui, vemos a importância não apenas de ler a Palavra, mas também de explicar seu significado para que o povo possa compreender verdadeiramente o que está sendo transmitido. Por outro lado, lemos em 2 Timóteo 2:15 que Paulo instrui a Timóteo “procura apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”. Isso ressalta a responsabilidade do pregador em estudar e interpretar corretamente a Palavra de Deus, a fim de transmitir com precisão suas verdades aos ouvintes.

UMA PERSPECTIVA MAIS PROFUNDA:
Entretanto, é dever do expositor da Palavra apresentar questões não apenas sobre o conteúdo textual, mas também sobre o propósito subjacente por trás da mensagem que foi comunicada, em seu tempo e contexto. Detalhes históricos, exemplos laterais, exegese de terminologias específicas, antecedentes dos autores e leitores originais, são alguns “lugares comuns” que todo sermão expositivo competente deve visitar. Mas além disso, é fundamental examinar como as verdades espirituais e os ensinamentos bíblicos podem ser aplicados de forma direta à vida dos ouvintes.

O pregador precisa buscar conectar os princípios eternos da fé com os desafios e questões enfrentados pela sociedade contemporânea, e nisso oferecer orientações inspiradas para aqueles que buscam compreensão e direção. Isso também requer uma análise cuidadosa das necessidades, preocupações e experiências da congregação a quem a prédica se destina. Ou seja, ele precisa ler não apenas o Texto Sagrado corretamente, mas também a comunidade a quem vai entregar o sermão – se não fosse assim, bastaria entregar um livro de comentários da Bíblia ou, mais facilmente, indicar estudos e sermões gravados pelos doutores nas redes sociais – não podemos ignorar que a pregação é prerrogativa do pastor titular na igreja local, o que põe termo aos pregadores itinerantes e convidados especiais.

INDO MAIS PROFUNDO:
Para ajudar nessa tarefa, um exercício útil e simples para a elaboração de sermões é responder a três perguntas fundamentais: O que o autor disse? O que o autor está dizendo? O que o autor está me dizendo? Essas perguntas nos ajudam a transcender a mera transmissão de informações e nos desafiam a pensar de forma mais profunda e significativa sobre o conteúdo e a aplicação prática de nossos sermões. Ou seja, o sermão vai além de uma análise histórico-gramatical de um texto. Claro que essencialmente a pregação será expor as ideias, argumentos e afirmações que o próprio autor transmitiu originalmente. Por isso, é preciso voltar ao contexto, explorar as razões, objetivos e detalhes dos versos em questão. Mas o expositor precisa demonstrar como o Texto é aplicável atualmente, ou seja, como ele se conecta com os nossos dias, quais princípios ele aponta. É válido fazer conexões com toda teologia bíblica e sistemática, e demonstrar como eles estão presentes na nossa tradição e confessionalidade, mas não se pode prender a Palavra de Deus como solução para um contexto passado e nem à mera concatenação de verbetes clássicos.

DEUS FALA COM VOCÊ, PREGADOR:
Por tudo isso, é necessário que a exposição seja verdadeiramente um sermão bíblico com aplicação pessoal. O pregador deve ter em mente que ele é o primeiro alvo do texto em questão e, em algum sentido, a forma como o texto se relaciona com a sua vida, com as suas idiossincrasias e até com seus pecados, deve ser também o alvo do escrutínio da Palavra na preparação do sermão e de algum modo deve permear toda a exposição. Não que o personalismo deva reger a homilia, mas esse aspecto pessoal não deve ser desprezado. Deus não usa homens para transmitir sua verdade por acaso. Aqui novamente ressalta-se a importância do ministro Ordenado de uma vida moral inquestionável, não à toa, mormente, chamado de reverendo.


CONCLUSÃO:

É só depois disso então é que o resultado poderá ser organizado em uma fala toda coerente que se aproxima de uma aula, mas se expande em ares proverbiais, arraigada nas Escrituras, que seja fácil de ser compreendida, assimilada e até memorizada. Em última análise, a elaboração de sermões é uma oportunidade para comunicar verdades eternas de uma maneira que ressoe com a vida e as experiências das pessoas que nos cercam. Ao adotarmos essa abordagem analítica e reflexiva na construção de sermões expositivos, certamente seremos melhores em transmitir as orientações divinas para aqueles que buscam uma conexão mais profunda com Deus.


QUE SEJAMOS MAIS DILIGENTES SERVINDO MELHOR AQUELE QUE NOS COMISSIONOU E, NISSO, ENTREGANDO MELHORES SERMÕES PARA QUE AS VIDAS DOS QUE NOS OUVEM SEJAM IMPACTADAS PELA PALAVRA DE DEUS.

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