terça-feira, 22 de abril de 2025

A Validade do Batismo Cristão

Eu acredito que o batismo, como sacramento instituído por Cristo, é um sinal visível da Graça de Deus, selando a promessa do Evangelho aos crentes e seus filhos. Na minha visão, fundamentada na teologia reformada, para que o batismo seja válido, quatro elementos são essenciais:  

  1. o rito deve ser o correto,  
  2. o ministrante precisa ser oficial,  
  3. a promessa deve ser a bíblica e  
  4. a instituição precisa ser a verdadeira.

1. O Rito Deve Ser o Correto: Eu creio que o batismo deve seguir o mandamento de Cristo em *Mateus 28:19*:_“Portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.”_ Para mim, o rito correto envolve o uso da água, e água somente, e a invocação da Trindade.  Entendo que a forma de aplicação — aspersão, efusão ou imersão — não é essencial, desde que a água seja usada de maneira ordenada; *sem superstição, sem misturas, sem abusos ou irreverentemente.* Como afirmado na *Confissão de Westminster (Cap. 28)*, “com água, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Se o rito omitir a água ou a fórmula trinitariana, *é inválido!* Pois desvia da instituição divina.


2. O Ministrante Precisa Ser Oficial: Eu defendo que o batismo deve ser administrado por um ministro ordenado, alguém devidamente chamado e autorizado pela Igreja. Veja que a *CFW (28.2)* aponta isso, pois afirma que os sacramentos devem ser “dispensados por um ministro do Evangelho, legalmente ordenado”. Para mim, essa exigência garante a obediência à Grande Comissão. Não creio que a eficácia do batismo dependa da piedade do ministrante, mas da promessa de Deus, como já ensinava Agostinho contra os donatistas. Assim, um batismo realizado por um ministro ordenado, mesmo em uma igreja com desvios doutrinários menores, é válido, desde que os outros elementos estejam presentes. No entanto, eu questiono batismos realizados por qualquer um que não seja reconhecido internamente como ministro.


3. A Promessa Precisa Ser a Bíblica:  O batismo é um sinal e selo da promessa do Evangelho, da justificação pela fé, da regeneração pelo Espírito Santo e da inclusão na aliança de Deus (*Rm 6:3-4; Gl 3:27*). Para mim, a validade do batismo depende de sua conexão com a promessa correta, que é a salvação pela Graça mediante a fé em Cristo. Se o batismo for administrado com uma promessa distorcida — como em grupos que negam a Trindade ou atribuem ao rito um poder salvífico fundamental, ou outra superstição, heresia ou erro —, eu acredito que sua validade é comprometida. Eu defendo que o batismo deve apontar para *Cristo como o único Mediador* e para a fé como o meio de receber a Graça. Por isso, eu valorizo a instrução catequética para os pais ou candidatos, assegurando que a promessa seja compreendida.  Além disso, eu acredito que a intenção do batismo deve estar alinhada com o propósito de demonstrar publicamente ser parte da aliança de Deus com seu povo.


4. A Instituição Precisa Ser a Verdadeira:  O batismo deve ser realizado no contexto da Igreja verdadeira, marcada pela pregação fiel da Palavra, a administração correta dos sacramentos e a disciplina eclesiástica, conforme a Confissão Belga (Art. 29). Para mim, a Igreja verdadeira não é uma denominação específica, mas qualquer comunidade que se submeta às Escrituras e ministre os sacramentos conforme ordenado por Cristo.  Eu reconheço outras tradições cristãs, desde que preservem o essencial, mesmo que haja outras diferenças doutrinárias. Como João Calvino argumenta nas *Institutas (4.15.16)*, eu acredito que erros secundários não anulam a irmandade em Cristo, desde que as principais doutrinas estejam presentes.


Conclusão: Enfim, eu considero válido somente o batismo que, através do rito prescrito, ministrado por um oficial, afirma o que a Bíblia prometeu, ou seja, o reconhecimento público da ligação espiritual com o Corpo de Cristo (a instituição verdadeira). Esses detalhes me asseguram que o sacramento praticado foi mesmo um Meio de Graça instituído por Deus, apontando para a obra de Cristo e selando as promessas da aliança. E, claro, considerando a própria verbalização sincera da fé pelo cristão, o rito não opera por si mesmo. E assim, *e só assim*, sou capaz de reconhecer batismos realizados em contextos imperfeitos e em outras tradições e denominações cristãs.