Páscoa: Atraso proposital

Resolvi publicar um pequeno pensamento sobre a Páscoa, propositalmente posto hoje para fugir do comum.

Não pesa sobre a páscoa (digo mesmo dessa festa cristã[1]) os mesmos problemas que o Natal[2]. A data está certa (em termos – afinal usa-se para marcá-la o calendário lunar); o acontecimento é historicamente correto (mesmo para os que não crêem em Jesus como Senhor e Salvador), ou seja, é uma rememoração anual da libertação do povo hebreu da escravidão egípcia (e está, com certeza, na história do mundo pelo menos há 3500 anos) e mais, a crucificação (evento central da sobreposição cristã ao rito judaico) era uma maneira real dos romanos aplicarem a pena capital.

Para os mais “conservadores” (ou litúrgicos), há apoio escriturístico para a cerimônia e ao que tudo indica, bons argumentos históricos para a celebração eclesiástica. Inclusive, toda vez que celebramos a Ceia do Senhor – seja semanalmente, seja mensalmente, então por que não anualmente? – reafirmamos tanto o pessach (no mínimo sua historicidade), quanto confirmamos a nossa segurança no sacrifício de Jesus.

   

Não obstante todos esses acertos, o aproveitamento comercial – fábricas gigantescas de chocolate; a produção anual ininterrupta do ‘ovos de páscoa’, a fim de atender a demanda – a banalidade da piedade e a mistura conceitual, só não me agridem mais que o aceite acalentado de tal evento – como me irrita esse tal coelhinho de páscoa! É óbvio que há algo errado aí, Cristo morreu! Isso, é claro, não falam. No máximo, falam de uma história de amor e paz, morte e renascimento, destituída de seu real valor e verdadeiro enredo que começa em Gêneses e segue até Apocalipse.

Bom, por todos esses motivos, não aceito misturar os meus conceitos. Meu filho, de mim aprende, sobre Pecado, Morte e Perdão e Ressurreição em Jesus o Salvador dele (e nosso); nessa semana de páscoa, na igreja, chamamos a atenção para o evento sincero: a morte substitutiva de Cristo na cruz pelos nossos (dos eleitos) pecados. Em casa nada mais que um momento simples de reflexão, alegria e louvor... afinal, a morte e ressurreição (ou renascimento), eu celebro todo dia, com minha vida renascida!

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[1] Em termos puramente religiosos para os Judeus a páscoa é uma comemoração da libertação e da formação do estado de Israel-profético, através da direta intervenção divina para o resgatar, a proteger e  formação de uma nação santa, de um sacerdócio real, um povo de propriedade exclusiva de IAVE.

[2] A despeito de toda a tolice, futilidade, esperteza e ganância (associadas a essa data), o Natal (digo do dia 25 de dezembro, dos enfeites e da celebração, a "festa cristã" que John Lennon cantava) é uma das datas mais significativa para mim. Não tanto porque o sentimento de amor se espalha (ele se espalha! Podemos até discutir o que é esse amor, mas não podemos negar que esse sentimento é especialmente contagiante nessa data), ou pelo fato de termos uma tendência a – nessa data, e por causa dela – revermos (e reforçarmos) os laços familiares, nem mesmo é pela nostálgica “mágica” das noites de natal (“mágica” que em minha casa nunca esteve). Gosto mesmo desse dia, porque mesmo errando a data, mesmo se esquecendo dO Fato, mesmo subvertendo o comemorado, a todos é re-anunciado ano após ano que Ele veio*! Você pode não acreditar, mas nunca poderá dizer: "eu nunca ouvi falar".