Este artigo foi baseado no estudo apresentado na Congregação Presbiteriana do Jardim Eldorado em Porto Velho - RO em 22 de julho de 2016.
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Numa rápida
pesquisa verifica-se que desde meados do séc. XX, mesmo que poucas, começou-se
a ordenar mulheres ao sagrado ministério; já em 1948 a Igreja da Dinamarca, de
teologia luterana, teve a sua primeira mulher-padre. A Igreja da Suécia (também
luterana) que ordena mulheres desde 1958, tem desde 2013 uma arcebispa (Antje
Jackelén). Especialmente depois da revolução sexual americana dos anos 1960, há
pressões crescentes para que elas exerçam TODAS as atividades tradicionalmente
masculinas. A igreja obviamente não está imune a isso, tanto que muitas
mulheres estão sendo ordenadas em ofícios eclesiásticos. Embora igrejas de
matriz Romana (e similares) ou as protestantes mais conservadoras, ainda não
ordenem mulheres, no Brasil, grupos históricos de pentecostais, batistas e
metodistas, já tem em seus quadros pastorais, mulheres ministras e dentro do
movimento neo-pentecostal já há muitas pastoras, bispas e até apóstolas,
algumas inclusive famosas.
Ficam
as perguntas:
Mulheres
podem pastorear? É correto elas pregarem? Qual o papel feminino na Igreja?
Responder essas perguntas é o alvo desse estudo. Seria isso um problema, um
erro, uma heresia? Mulher pode ser pastora? O caso é apenas com o título ou
mesmo extra-oficialmente uma mulher ministrar (oficiar, servir, atuar como
pastor – pregar, orar, ensinar, dirigir culto e etc.) está errado? No que essas
questões interferem na vida prática da igreja? Que doutrina, dogma,
entendimento ou tese teológica trata desse assunto?
Numa
discussão sobre o assunto normalmente os defensores usam três linhas de
argumentação:
1) eventuais
textos bíblicos de mulheres na liderança;
2) a falta
de regulamentação bíblica sobre o assunto;
3) a culpa é
do machismo.
Está última
é a mais fácil de desmontar, afinal, Deus não é movido por paixões humanas, não
está sujeito aos caprichos de gente. Se a Bíblia é a Palavra de Deus, a Verdade,
e se Deus é o Senhor, como afirma sua Palavra, então esse argumento deve ser
totalmente descartado. A Palavra de Deus jamais seria afetada por vontade
humana e por isso obviamente tal assertiva também deve ser ignorada me relação
os escritores da Bíblia, pois foram “santos homens que falaram da parte de
Deus, movidos pelo Espírito Santo”.
Resta
analisar as tais passagens onde mulheres são líderes e verificar a conexão – ou
falta dela – com o ofício pastoral. E depois avaliar as definições bíblicas
desse ofício, se há a possibilidade dessa ordenação feminina:
Textos
Bíblicos que atestam a liderança feminina:
Normalmente
o primeiro grupo de textos apresentado para provar a liderança feminina na
Bíblia, é aquele em que aparece as profetisas. Esse termo, (נְבִיאָה - neviah
ou nebeyah e προφητις – profetis, em hebraico e em grego respectivamente),
originalmente é o feminino de profeta e significa porta-voz, orador(a),
profeta(isa). Ou seja, alguém que falava, fazia uso da oratória, anunciava algo
ou mesmo dava um recado, poderia naturalmente ser chamado de nabiy (profeta,
quem profere)! Especialistas apontam 3 significados para “profetisa” no Texto
Sagrado: quem traz profecias, esposa de profeta e quem conduz (ou compunha) os
louvores (cântico) feminino.
Só aparece
oito vezes em toda a Bíblias. Nas duas ocasiões do NT – uma é para Ana, senhora
idosa que servia diariamente no templo; pouco se sabe dela, provavelmente Lucas
usa o termo como um elogio pela piedade, a outra, é uma falsa profetisa
condenada em Apocalipse*, que certamente não serve para o caso. No VT há seis
ocorrências – Uma referente a mulher de Isaías[i], uma a Noadia[ii] (falsa
profeta) – não comentarei – uma referente a Míriã, outra a Débora e duas a
Hulda.
Miriã - Ex
15:20 - A profetisa Miriã, irmã de Arão, tomou um tamborim, e todas as mulheres
saíram atrás dela com tamborins e com danças. Nesse caso específico, fica claro
pelo contexto imediato que a ocorrência tinha mais a ver mais com alguém
conduzindo as músicas, talvez uma dirigente de canto, quem conduzia outras
mulheres nos louvores, que com alguma função especificamente profética. Observe
que não há nenhuma profecia associada a Miriã. Desse mesmo modo podemos pensar
na profetisa Débora, que foi juíza em Israel (capítulo 5 de Juízes). Sem sombra
de dúvidas ela falava (proferia...) a Nação do alto de seu cargo de magistrada
civil. Ela corajosamente se envolveu em assuntos militares, entretanto não há
registro de alguma profecia (no sentido clássico) vinda por ela, mas
interessantemente ela também cantou sua vitória, depois do fato. Então temos
Hulda (2Rs 22:14 e 2Cr 34:22), que diferentemente vemos com clareza: ela
profetizava, trazia palavras do Senhor.
Note que
destes oito usos de “profetisa”, duas referências são ruins, quatro são diversas
(cantora, esposa de profeta, e honraria, estão ligadas à outras acepções do
termo) sobrando 2 outras referências para uma mulher, Hulda, que sem dúvida
alguma era profetisa no modo desejado para a argumentação. Perceba a
desproporção, há mais de 420 ocorrências do termo profeta (masculino) na
Bíblia, apenas uma vez “profetisa” é usada no sentido de quem declara o
desígnio de Deus! Entretanto, essa profetisa nada falou acerca do Messias, nem
exerceu ofício profético e nem foi lembrada pelos apóstolos. O autor de
Hebreus[iii] lembra até de Baraque mas não de Débora. Citou Sara, por ser mãe,
Raabe, por ter traído seu próprio povo, por temor ao Senhor. E que mulheres
(provavelmente esposas) receberam seus entes ressuscitados, mas nenhuma letra
da profetisa (no melhor do termo) do VT, provando que não “tem nada contra as
mulheres”, mas nada fala de alguma profetisa!
Outro
possível texto está em At 21;9, as filhas de Felipe; mas se elas eram alguma
autoridade, ou traziam instruções do Senhor sobre a Igreja porque quando Deus
quer falar com um de seus apóstolos, Ele leva um profeta de outro lugar, embora
estivessem ali 4 jovens que profetizavam? Mas se elas eram apenas dirigente do
contracanto feminino, a situação fica absolutamente clara! O que bem pode oferece
uma boa explicação para a profecia de Joel[iv].
Pode parecer
ridículo usar Gn 29:9 “Falava-lhes ainda, quando chegou Raquel com as ovelhas
de seu pai; porque era pastora” para validar a liderança das mulheres na
igreja, mas há gente – líderes e estudiosos (?) – que tenta ir por essa via...
analisemos então o caso de Raquel: não precisamos de grandes esforços para
demonstra que ali era um trabalho secular que em nada se liga ao ofício
eclesiástico. Era um costume da época mulheres cuidarem de rebanhos. Zípora[v]
esposa de Moisés apascentou junto com suas irmãs, as ovelhas do pai; Rebeca[vi]
parece que apascentava ovelhas, conjuntamente a outras jovens de sua época.
Entretanto esse fato, diferentemente de servir de prova para a tese, ou mesmo
de um exemplo bíblico de liderança feminina, esboça o contrário: mulheres
trabalhavam – o tal machismo na Bíblia cai, já, aí! Veja, não tem nada a ver
com cultura, afinal mulheres podiam pastorear animais. Isso não é pouca coisa,
era administrar bens preciosos, especialmente numa cultura basicamente
agropecuária, mesmo assim não há uma só referência delas administrarem algo
divino ou cúltico em toda a Escritura Sagrada.
Outras
histórias menos diretas também, às vezes, são apresentadas para justificar a
liderança feminina no contexto eclesiástico. É o caso da Rainha Ester[vii]. Mas
antes de pensar que ela é um exemplo de “feminismo” na Bíblia é bom notar duas
coisas: primeiro - Ester era escrava, havia sido forçada a casar com o rei;
segundo: tudo que ela consegue é por submissão ao marido, e não com a
autoridade real! De igual modo lembram da mulher samaritana que se encontra com
Jesus no poço de Jacó (João 4). Que ela apontou aqueles homens para Cristo, não
há dúvidas, mas daí a concluir que ela pode ser um exemplo ou argumento a favor
do ministério pastoral feminino, chega a ser bobo! Ela nem tinha entendido o
Evangelho, nem se submetido a Cristo como seu salvador; a narrativa de Lucas
demonstra que ela mal alimentava uma fé “naquele homem”... Um terceiro caso é o
das mulheres na ressurreição de Jesus[viii]. Elas serem as primeiras a
receberem a notícia e até a verem Cristo ressurreto demonstra o carinho de
Jesus por elas? Talvez! Inverte a valorização social vigente; realmente vai
contra o tal machismo? Quem sabe! Mas em nada toca no ofício pastoral ou aponta
autoridade religiosa. O fato é: enquanto elas estavam, de madrugada, indo
servir a memória de Jesus, submissas, atendendo aos afazeres comuns de
mulheres, Ele se dá a conhecer! Precisa ser mais claro que isso?
Textos
Bíblicos que definem o ministério pastoral (ofício
eclesiástico):
E ele mesmo
concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e
outros para pastores e mestres (Ef 4;11). Deus estabeleceu os pastores para a
Igreja; é Ele quem institui esse ofício. Então, Ele diz como deve ser. Note que
o apóstolo usa os termos "pastores e mestres" (termos – masculinos! –
no plural, o que impede o entendimento dessa passagem se referindo
exclusivamente a Pedro[ix]) exaurindo todas as possibilidades de atuação, seja
o cuidado paternal, seja o cuidado professoral, na igreja – os termos acabam
remetendo ao ofício dado por Deus a Adão, o homem (cuidar e cultivar; Gn 2;16)
no Éden antes mesmo da criação da mulher, que só mais tarde foi criada como
auxiliadora; isso é, o ofício pastoral eclesiástico está restrito aos homens,
ao macho. Coisa que se encaixa perfeitamente com Tito 1;6 (...marido de uma só
mulher...) ou Timóteo 3,2 (...esposo de uma só mulher...) – onde mais uma vez o
apóstolo diz que homens devem estar a frente da igreja – bem como com 1Tm 2:12
(E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade de homem; esteja,
porém, em silêncio.)... nem precisa explicar!
Concluindo:
O ofício
pastoral na Igreja está em contraposição ao sacerdócio no VT que acabou porque
Cristo iniciou um outro sacerdócio (leia Hebreus 7). Essa função pastoral é o
ofício dos dirigentes da Igreja. O termo pastor é em alusão a condução e
cuidado do rebanho, que o próprio Jesus chamou de suas ovelhas. Em toda a
Palavra se verifica que homens são os líderes do Povo de Deus (sua Igreja).
Desde Adão é assim, e será assim até o fim... Toda a Bíblia expõe a veracidade
desse entendimento: mulheres (esposa) desde o Éden são vocacionadas para serem
auxiliares dos homens (maridos).
É fácil
notar, não há uma única sacerdotisa (da religião de Deus, claro) na Bíblia –
isso diz muito sobre o ofício feminino. O simples fato de Cristo ter escolhido
12 homens para serem os fundadores Cristianismo (Ap 21;14) é outro
demonstrativo disso. E mais, esses apóstolos nunca indicaram a possibilidade de
mulheres estarem à frente, conduzindo a Igreja! Nenhum dos (cerca de) 40
autores da Bíblia era mulher. A única mulher que “dirigiu” (na verdade julgou)
a nação de Israel foi Débora (num contexto de irresponsabilidade masculina). E
mais, foi exatamente na primeira ocasião que uma mulher “ministrou” no lugar de
um homem, que o Pecado entrou na História (Gn 3).
Quando Paulo
afirma que o Espírito selecionou uns para apóstolos, outros para profetas,
outros para evangelistas e outro para pastores e mestres, ele claramente
delimitou esses 4 ofícios aos homens, não há espaço aí para mulheres. Ora, se
mulher não pode exercer autoridade de homem, e administração dos trabalhos da
Igreja são funções restrita a eles, logo, mulheres não devem supervisionar[x]
as causas do Evangelho.
As pastoras
de ovelhas servirem de exemplo para permitir mulheres pastoreando a Igreja é
como levar porcos no lugar de cordeiros para sacrifício ao SENHOR, só porque se
fazia esse tipo de sacrifícios a outros deuses. Em outras palavras, é a própria
expressão de abominação, isso é, fazer aquilo que Deus não ordenou! Alegar que
a ausência de mulheres na liderança a eclesiástica é mero tabu, é de um
simplismo inconveniente (ouso dizer, diabólico!), afinal, Jesus era tão
revolucionário, tão polêmico, tão inovador, tão despreocupado com tradições,
legalismo ou costumes que a única razão para ele não ter comissionado mulheres para
serem apóstolas, é o simples fato de não querer mulheres na liderança da Sua
Igreja. Daí estou absolutamente certo que ainda hoje ele não o quer (afinal
seria estranho – pra dizer o mínimo – um Deus imutável, mudar de opinião). Mas
acima disso tudo, ou confiamos que a Bíblia é a palavra de Deus inerrante,
completa e suficiente ou então seremos como tantos outros cegos guiando cegos.
Enfim, não
há meio verso na Bíblia suportando essa bizarrice, e toda a sã doutrina vai
diretamente contra essa heresia.
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* Lc 2;36 e Ap 2;20
respectivamente;
[i] Is 8:3;
[ii] Ne 6:14;
[iii] Hb 11;32;
[iv] Joel 2; 23 a 32,
cumprida em At 2;17 a 21;
[v] Ex 2;16;
[vi] Gn 24; 11 em
diante;
[vii] Leia o livro de
Ester todo;
[viii] Mt 28;1 a 8;
[ix] Na passagem de Jo
21;15 a 17, é certo dizer que nem mesmo Pedro entendeu que essa atribuição era
exclusividade sua, afirmar isso é valorar o tal trono de Pedro, tão diabólico!
[x] O termo ‘bispo’ significa, superintendente, supervisor, talvez administrador, gerente, e certamente no contexto bíblico, pastor;
[x] O termo ‘bispo’ significa, superintendente, supervisor, talvez administrador, gerente, e certamente no contexto bíblico, pastor;
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